Da ditadura militar à ditadura da mídia e do judiciário

Portal Plantão Brasil
2/4/2014 13:18

Da ditadura militar à ditadura da mídia e do judiciário

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Os 50 anos do Golpe de 64 potencializaram nas últimas semanas as discussões sobre a ditadura militar. Toco nesse assunto com a certeza de que esse período de mais de duas décadas, manchado por torturas e mortes, marca a história de guerreiros que lutaram pela liberdade social do nosso país.



Confesso que a nossa recente democracia, que já alcançou grandes vitórias, ainda precisa evoluir muito. Não sofremos mais das ordens militares armadas, com perseguição e exílio, mas ainda convivemos com os abusos de uma mídia preconceituosa de direita, que manobra a opinião pública e, surpreendentemente, nos deparamos com a força autoritária de uma justiça que age com dois pesos e duas medidas, culminando em prisões injustas.



Digo isto de coração aberto, como filho de José Dirceu, um líder da resistência, que em 1968 foi preso e deportado do país por sonhar com um Brasil onde os cidadãos pudessem ser atores políticos e donos de sua própria forma de expressão, numa época em que se falar em pobreza, igualdade social e acesso à saúde significava ser taxado de comunista.



Fico emocionado ao lembrar do sofrimento da minha avó que ficou 10 anos sem notícias do seu filho e da preocupação da minha mãe que a todo momento temia que eu fosse sequestrado como forma de retaliação dos militares. Quando os resultados desse sacrifício começaram a acontecer, o pesadelo voltou.



Meu pai vive hoje mais uma vez a prisão, depois de um julgamento sem provas, injusto e pautado pela grande imprensa. Ele paga o preço caro por ter lutado contra a ditadura e participado a partir da década de 80 do processo de redemocratização do país, quando ajudou na fundação e teve papel decisivo na construção do maior partido político do Brasil, o PT. Assume com coragem o fato de ser um homem que não nega a superação de grandes desafios, como no caso em que, junto com outros companheiros, atuou na instauração da CPI que teve como consequência o impeachment do Collor.



Aos 68 anos de idade, "O Zé guerreiro do povo brasileiro" carrega nos ombros o peso por ter contribuído na construção de um projeto político que levou o primeiro siderúrgico a ocupar o cargo de presidente do Brasil e a tirar mais de 36 milhões de brasileiros da miséria.



Hoje, condenado ao regime semi-aberto, meu pai está mantido há mais de 130 dias em regime fechado, sem autorização para trabalhar. Um absurdo incabível! Uma prova de que ainda estamos submetidos a padrões ditadores e autoritários que não respeitam o ser humano e seus direitos constitucionais.



Para provar a parcialidade no tratamento do caso, na semana passada o STF- Supremo Tribunal Federal concedeu corretamente a Eduardo Azevedo – do PSDB, o direito de ser julgado no mínimo em duas instâncias judiciárias, o que foi negado a meu pai. O STF provou ser justo com o PSDB e injusto com o PT, isto é inaceitável!



Como se tudo ainda fosse pouco, meu pai ainda é acusado de se favorecer de privilégios na cadeia. Uma piada de mau gosto se o observador fizer uma reflexão mais profunda e observar a verdade, longe da superficialidade enganadora da comunicação de massa. Qual é o privilégio? Ser julgado sem direito a recurso? Qual é o privilégio? Ser condenado sem provas? Qual o privilégio? Ser condenado a semi-aberto e cumprir em regime fechado?



É assim que a oposição, que não consegue nos vencer nas urnas, tenta nos destruir com o seu poder típico rasteiro. Não irá funcionar, porque continuamos com punhos cerrados e não fugimos da luta. Não teremos medo de enfrentar novamente a repressão da grande mídia maquiada com o rótulo mentiroso da transparência e venceremos mais uma vez a noite escura, desta vez assombrada pelo autoritarismo judiciário.



A prisão, por um determinado tempo, poderá continuar a conter a ação física dos revolucionários dos anos 60 e 70, mas nunca conseguirá aprisionar os seus ideais e sonhos. O trabalho continua forte porque a nossa disposição em executar este grande projeto político pelo povo brasileiro é gigante.



A luta continua!



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