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A nova procuradora-Geral da República, Raquel Dodge, quebrou o compromisso público de manter os integrantes do grupo de trabalho da Lava Jato que se dispusessem a permanecer na PGR após a saída de Rodrigo Janot. Em portarias que serão publicadas no começo desta semana, a que ÉPOCA teve acesso, ela exclui da Lava Jato os procuradores Rodrigo Telles e Fernando Antonio de Alencar, dois dos principais investigadores da operação.
Ambos já haviam manifestado intenção de ficar, tanto formalmente quanto em contatos informais com o grupo da nova procuradora-geral – e haviam recebido a confirmação de que prosseguiriam nas investigações. Os dois foram surpreendidos com a informação oficiosa, neste sábado, de que estão fora da Lava Jato. O procurador José Alfredo de Paula, novo coordenador da Lava Jato na PGR, confirmou a eles que ambos estão excluídos das investigações. Dodge toma posse nesta segunda. O presidente Michel Temer prometeu comparecer ao evento.
A exclusão de Telles é especialmente significativa. Além de participar de quase todos os casos da Lava Jato na PGR, o procurador destacou-se por liderar as investigações contra o senador José Agripino, presidente do DEM e aliado de Temer. No ano passado, Telles comandou a investigação que resultou numa denúncia por corrupção passiva contra Agripino. O senador foi acusado de pedir propina de R$ 1 milhão a um empresário que detinha contratos com o governo do Rio Grande do Norte. Entre as provas, há áudios que implicam fortemente Agripino, na avaliação dos investigadores. O caso permanece em sigilo, por decisão do ministro Ricardo Lewandowski, que o relata no Supremo.
Incomodado com a atuação de Telles, Agripino pediu a cabeça dele a Janot no começo do ano, segundo o procurador-geral comentou com três interlocutores após o contato do senador. Janot disse ter recusado de pronto o pedido. Recentemente, já escolhida por Temer como substituta de Janot, Raquel Dodge anunciou como seu vice o procurador Luciano Maia, primo de Agripino.
Mesmo com a escolha do primo de Agripino e a alegada pressão do senador junto à PGR, Telles foi informado de que permaneceria no grupo de trabalho da Lava Jato, conforme a promessa pública de Raquel Dodge. Manteve contatos frequentes com três procuradores da turma de Raquel. Na quarta-feira, mais uma flechada contra Agripino: ele foi denunciado pela PGR ao Supremo, acusado novamente de corrupção – desta vez, suspeito de receber propina da OAS. Em ambas as denúncias, Agripino é acusado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Em ambas, a participação de Telles foi decisiva.
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