5988 visitas - Fonte: infomoney
O governo Michel Temer ainda tem grandes chances de aprovar alguns pontos da reforma previdenciária demandada pelo mercado. Se, por um lado, a tramitação da denúncia contra o peemedebista na Câmara tem provocado maior atraso nas articulações para a PEC 287/2016, por outro, a impopularidade pode ser, ironicamente, um grande trunfo do atual presidente. Essa é a leitura que faz o cientista político Danilo Cersosimo, diretor da Ipsos Public Affairs, terceira maior empresa de pesquisas do mundo.
Ao contrário do que se poderia imaginar, a baixíssima aprovação da atual gestão pode não afugentar os parlamentares conforme esperado, mesmo que a aprovação de medidas impopulares possa prejudicar o desempenho de muitos deles nas próximas eleições. Conforme mostra o mais recente levantamento feito pelo instituto, apenas 2% dos brasileiros avaliam a administração do presidente como ótima ou boa, ao passo que 84% a consideram ruim ou péssima.
Mas o que explicaria eventual postura mais amistosa dos parlamentares a tal medida impopular às vésperas das eleições? O cientista político Danilo Cersosimo aponta duas perspectivas como possíveis respostas.
Do lado do governo: "[A reforma da Previdência] Tem muita chance [de passar], porque um governo que não tem nenhuma aprovação praticamente, em tese, não precisa dar satisfação à opinião pública. Então, teoricamente, é um governo que poderia impor todos os remédios amargos que a sociedade brasileira precisa tomar", explicou o especialista em entrevista ao último programa Conexão Brasília, pelo InfoMoneyTV. Para ele, a grande questão é quais pontos da medida passarão e quais ficarão no caminho, tendo em vista as negociações de Temer com os parlamentares para se manter no poder e evitar julgamentos.
Do lado dos congressistas: O cientista político acredita que a pressão da sociedade e exposição dos deputados e senadores que se posicionarem a favor de medidas impopulares têm efeito reduzido no Brasil. "Infelizmente, nosso sistema não aproxima o parlamentar do eleitor, do cidadão. As pessoas, via de regra, não sabem em quem votaram, então dificilmente vão associar o voto do parlamentar a uma causa que, na percepção dela, foi prejudicial. Não creio que levar em consideração o que a opinião pública pensa sobre as reformas vai direcionar o comportamento do Congresso", disse Cersosimo. Ele acredita que pode haver renovação significativa nos assentos do parlamento (o que, de certo modo, já é uma realidade na Câmara dos Deputados), mas movida mais por um senso de necessidade de renovação, guiado pela ojeriza a escândalos de corrupção recentemente revelados.
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