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O movimento cristão ultraconservador Legendários, fundado em 2015 na Guatemala, segue se expandindo rapidamente pelo Brasil desde 2017, impulsionado por celebridades, empresários e políticos da direita evangélica. Voltado exclusivamente a homens, o grupo mistura retiros espirituais com atividades de resistência física, promovendo um discurso de restauração da “identidade masculina cristã”, embalada por práticas de isolamento e doutrinação.
Presentes em diversos estados, os Legendários já conquistaram apoio institucional com leis municipais e estaduais que criam o “Dia dos Legendários” — em 17 cidades e dois estados, como Mato Grosso e Paraná. O custo para participar das trilhas, que duram 72 horas, varia entre R$ 1.200 e R$ 1.800. Os participantes, chamados de “legendários”, são incentivados a superar provas físicas e emocionais, sempre longe de contato externo e obrigados a portar uma Bíblia.
O movimento atraiu nomes como Thiago Nigro, Neymar Pai, Pablo Marçal e Kaká Diniz, ampliando sua influência nas redes. As trilhas agora são organizadas em modelo de franquia e voltadas até para nichos específicos, como solteiros e barbeiros. Embora se apresente como interdenominacional, a base do grupo está enraizada em igrejas evangélicas de grandes redes.
A expansão do grupo também caminha de mãos dadas com o setor financeiro voltado à fé, como bancos e empreendimentos cristãos que propagam a ideia de “prosperidade bíblica”. Iniciativas como o Propósito Bank contam com sócios oriundos do movimento, que alegam “injetar dinheiro no Reino” por meio da arrecadação dos eventos, parte da qual é repassada a igrejas locais.
A forte ligação entre o discurso religioso fundamentalista e a cultura do empreendedorismo motivou a adesão de políticos da extrema direita, muitos dos quais impulsionam projetos de lei para oficializar datas comemorativas ligadas ao grupo. Para especialistas, trata-se de uma instrumentalização da fé com claros interesses de poder e influência.
Apesar dos relatos entusiásticos entre apoiadores, o movimento enfrenta críticas sérias. Há denúncias de pressão contra quem não pode pagar pelas trilhas e uma perigosa aproximação entre fé e mercado financeiro. Ainda assim, mulheres organizadas em grupos como “Esposas de Legendários” relatam transformações emocionais nos maridos após as trilhas — o que, segundo críticos, mascara os riscos do fundamentalismo religioso disfarçado de “renovação espiritual”.
Com informações do DCM
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