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A Justiça da Argentina intensificou as investigações sobre o escândalo da criptomoeda $Libra, promovida pelo presidente de extrema-direita Javier Milei. A juíza María Servini determinou que o Banco Central forneça dados bancários de Milei, de sua irmã Karina Milei e de operadores financeiros ligados ao esquema, além de ter ordenado o bloqueio de bens de parte dos acusados por 90 dias.
A investigação busca apurar uma fraude que teria ocorrido em fevereiro, quando Milei usou sua conta oficial na rede X para divulgar a criptomoeda. A ação impulsionou o valor da $Libra de US$ 0,01 para US$ 5 em poucas horas, beneficiando um grupo restrito de investidores com ganhos que ultrapassam US$ 100 milhões, enquanto milhares de pessoas perderam dinheiro após o colapso da moeda.
Entre os investigados estão Mauricio Novelli e Manuel Terrones Godoy, que teriam aproximado Milei dos empresários internacionais Hayden Davis e Julian Peh, criadores da moeda digital. Também é alvo da Justiça o ex-assessor da Comissão Nacional de Valores, Sergio Morales. Câmeras de segurança flagraram parentes de Novelli esvaziando cofres bancários após o início das investigações, reforçando as suspeitas de ocultação de patrimônio.
O caso desdobra-se em três frentes: processo criminal conduzido por Servini, ação civil movida por vítimas da fraude — que exigem US$ 4,5 milhões em indenização — e uma CPI no Congresso argentino, que investiga o papel do governo no golpe. Embora o Executivo tenha anunciado uma "unidade especial" para apurar os fatos, nenhum resultado foi divulgado até agora.
A tentativa de blindagem do presidente e de sua irmã vem sendo criticada por parlamentares e pela imprensa. O escândalo abalou a imagem de Milei, que se elegeu com discurso anticorrupção, mas agora está no centro de uma suspeita de manipulação de mercado com repercussão internacional. Tribunais dos EUA também analisam o caso devido ao envolvimento de investidores estrangeiros.
O caso $Libra escancara a contradição entre o discurso moralista de Milei e sua prática política, e pode se tornar um divisor de águas no seu governo, com risco de desdobramentos judiciais e eleitorais.
Com informações da Infomoney
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