19/5/2025 12:25

STF deve julgar neto de ex-ditador à revelia por envolvimento em tentativa de golpe bolsonarista

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Paulo Figueiredo Filho, neto do general João Figueiredo — último presidente da sangrenta ditadura militar — poderá ser o primeiro golpista julgado à revelia pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no caso que investiga a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) há três meses por usar sua influência para fomentar o golpismo entre militares, Figueiredo vive confortavelmente nos Estados Unidos e simplesmente ignorou a Justiça brasileira, sem apresentar qualquer defesa.

O ministro Alexandre de Moraes tentou assegurar o devido processo legal e acionou a Defensoria Pública da União para representar o investigado. No entanto, a DPU recusou a missão, alegando que não possui meios de contatá-lo, o que inviabiliza qualquer atuação técnica e prejudica a própria defesa. Diante da omissão do réu e da recusa da defensoria, o STF se prepara para julgá-lo à revelia — o que poderá abrir precedente em casos semelhantes.

A denúncia da PGR aponta que Paulo Figueiredo integrou um quinto núcleo da organização criminosa, usando espaço em rádio e televisão para incitar militares à ruptura institucional. Ele reagiu com deboche, chamando o processo de “documento histórico” e tentando se vitimizar como “patriota”, a típica retórica dos que tentam sabotar a democracia se escondendo atrás da liberdade de expressão.

Enquanto Figueiredo foge da Justiça, o STF segue firme no desmonte da quadrilha bolsonarista. Nesta terça-feira (20), a Corte começará a julgar outro braço do plano golpista, que envolvia 11 militares do Exército e um agente da Polícia Federal. Segundo a PGR, o grupo chegou a arquitetar o assassinato do presidente Lula e do vice Geraldo Alckmin, num plano criminoso que escancara a gravidade da conspiração.

Vale lembrar que o STF já aceitou as denúncias contra os dois primeiros núcleos golpistas: o “núcleo central”, liderado por Jair Bolsonaro e seus generais, e o “núcleo operacional”, responsável por ações práticas da tentativa de ruptura. Agora, com o julgamento à revelia de Paulo Figueiredo, o Supremo reafirma que nem mesmo os herdeiros da ditadura escaparão da responsabilização por seus crimes contra o Estado Democrático de Direito.

Com informações do Estadão

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