Ricardo Mello, sobre a “vaquinha”: democracia não obriga ao conformismo bovino

Portal Plantão Brasil
3/2/2014 16:32

Ricardo Mello, sobre a “vaquinha”: democracia não obriga ao conformismo bovino

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1211 visitas - Fonte: Tijolaço

A coluna de Ricardo Mello, na Folha de hoje, é uma peça que, se houvesse vergonha na imprensa brasileira, teria deixado corada muita gente.



Ele descreve o que a mídia faria se não tivessem sido pagas as multas impostas a José Genoíno e Delúbio Soares, quitadas através de coleta pública.



Imagine o cenário. Vencido o prazo para os condenados da AP 470 pagarem as multas, nenhum apareceu. José Genoino, olhe só, alegou que o valor supera o preço de sua casa. Os outros tampouco respeitaram a sentença. O que aconteceria?



Pelo que se tem lido e ouvido, batata. “Mensaleiros do PT desprezam Justiça.” Ou então: “Além de truculentos e corruptos, petistas dão calote no Tesouro”. Ou parafraseando aquele ministro falastrão: “Eles merecem mais que o ostracismo: ademais de incomunicáveis, precisam apodrecer na cadeia e receber apenas uma refeição por dia. E mais: entrar para sempre na lista negra da Serasa!”.



E descreve o que, apesar de tudo, a imprensa ainda tentou fazer para enxovalhar o gesto de solidariedade humana e política de milhares de pessoas.



A reação mostra o grau de envenenamento do clima político atual. Partiu-se para a troça. Alguns leitores pediram desde uma vaquinha para honrar carnês até auditoria implacável nas doações.





Esse também gosta de apontar o dedo



Houve mais. Embaladas como coisa séria, reportagens acusaram os petistas de arrecadar mais dinheiro que a Pastoral da Criança! O que tem a ver uma coisa com a outra? Por acaso a Pastoral está em campanha? Pareceria mais razoável comparar o orçamento dessa ONG com fundos auferidos pelo Criança Esperança –mas aí a coisa complica diante do calibre dos interesses envolvidos.



Mello parte para cima, também, a alegada irritação de ministros com a coleta de recursos para o pagamento da multa, porque chegou a ser insinuada nisso uma contestação ilegal da pena imposta:

“Não há anjos em política, mas a democracia em vigor prevê o respeito a decisões judiciais, até num caso polêmico como a AP 470. A democracia não obriga, contudo, ao conformismo bovino –exceto no caso da vigência de ditaduras disfarçadas ou quando se está sob o tacão de juntas togadas travestidas de supremas.”



E, distribuindo algumas raquetadas em políticos de fama mais que duvidosa, Eduardo Cunha, que reclamou da coleta dizendo que isso vai “dar dinheiro” para a campanha do partido, enquanto ele apóia as doações – muitas vezes ocultas – de empresários , Mello toca no ponto essencial:



”Genoino e cia. agiram como deveria ser habitual num partido de raízes populares: recorreram à militância. Quem se assustou? Todo mundo para quem não passa pela cabeça alguém doar dinheiro por acreditar em alguma coisa, alguma ideia, algum futuro.”



Tomara que o próprio PT se lembre disso e recorde que é da mobilização das pessoas que acreditam no povo brasileiro e em sua libertação que vêm não os recursos, mas a força política para mudar o país.





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