2184 visitas - Fonte: O Globo
A CPI da Covid deve usar o depoimento de Luiz Henrique Mandetta para apurar uma história nebulosa que envolve o senador Flávio Bolsonaro e a pressão por cargos e contratos no Ministério da Saúde.
Em janeiro de 2020, o então ministro Mandetta recebeu instruções para exonerar quatro integrantes de sua equipe. A lista incluía o secretário-executivo João Gabbardo, seu número dois na pasta.
O Planalto encaminhou quatro nomes que deveriam passar a ocupar os cargos. Em comum, todos eram do Rio de Janeiro e não possuíam experiência em gestão do SUS.
Contrariado com a interferência, Mandetta pediu uma reunião no Palácio da Alvorada, onde ouviu de Jair Bolsonaro que seus auxiliares não eram "gente nossa".
Segundo o relato do ex-ministro, o presidente informou que as sugestões de troca haviam partido do primeiro-filho.
Ao contar a história, Mandetta sugere que Flávio estava interessado em contratos milionários na pasta. Além de Gabbardo, o senador queria trocar dois secretários e o diretor de informática dos SUS.
"Quem articulou as exonerações e impôs os novos nomes mirava o controle de mais de 80% do orçamento do Ministério da Saúde", escreveu o ex-ministro no livro "Um paciente chamado Brasil: Bastidores da luta contra o coronavírus".
Mandetta propôs um acordo para segurar seus auxiliares: em troca da permanência deles, cederia o controle dos hospitais federais do Rio, onde Flávio poderia indicar "quem quisesse".
Na semana passada, o filho do presidente usou um argumento inusitado para protestar contra a instalação da CPI da Covid.
Apesar de ser contrário às políticas de distanciamento social, ele alegou que as reuniões da comissão causariam risco à saúde de senadores e assessores.
MILÍCIAS NOS HOSPITAIS
No início do governo Bolsonaro, os hospitais federais do Rio apareceram em outra história mal explicada.
O então ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, sugeriu que as milícias exerciam influência sobre a direção do Hospital Geral de Bonsucesso.
Onze dias depois de trazer o assunto à tona, Bebianno foi demitido. Ele se tornou o primeiro ministro a cair da gestão do capitão.
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