1135 visitas - Fonte: UOL
Carlos Bolsonaro, o filho Zero Dois do presidente da República, aproximou-se do banco da CPI da Covid depois do depoimento de Henrique Mandetta. O ex-ministro da Saúde disse ter testemunhado "várias vezes reunião de ministros em que o filho do presidente, que é vereador no Rio de Janeiro, estava sentado atrás tomando as notas da reunião."
"Pensamos em convocar", disse à coluna o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI. Carluxo, como o Zero Três é chamado na intimidade, é mencionado no inquérito sobre fake news que tramita no Supremo Tribunal Federal. Apura-se sua ligação com o que se convencionou chamar de "gabinete do ódio", grupo de servidores que divulgam ataques e notícias falsas desde o Planalto.
Na CPI, o grupo de Carluxo foi rebatizado de "gabinete da cloroquina." Ao citar as reuniões em que o filho do presidente tomava notas, Mandetta emendou:
"Eles tinham constantemente reuniões com esses grupos dentro da presidência. Eu estava dentro do Palácio do Planalto quando fui informado, após uma reunião, que era para eu subir para o terceiro andar porque tinha lá uma reunião de vários ministros e médicos que iam propor esse negócio de cloroquina, que nunca eu havia conhecido."
Nas palavras do ex-ministro, Bolsonaro dispunha de um assessoramento paralelo. "Nesse dia, havia sobre a mesa, por exemplo, um papel não timbrado de um decreto presidencial para que fosse sugerido, daquela reunião, que se mudasse a bula da cloroquina na Anvisa, colocando na bula a indicação de cloroquina para coronavírus."
Ainda de acordo com Mandetta, o presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, que estava na reunião, interveio para dizer que não seria possível alterar bula de remédio por decreto presidencial.
Nesse ponto, disse Mandetta, o então ministro Jorge Oliveira (Secretaria-Geral da Presidência), hoje no Tribunal de Contas da União, afirmou que se tratava de mera "sugestão". "Alguém pensou e se deu ao trabalho de botar aquilo num formato de decreto", relatou Mandetta aos senadores.
O depoimento de Mandetta foi assistido por Carlos Bolsonaro. Para ele, o depoente deveria ter recebido voz de prisão do comando da CPI. Expressando-se num idioma muito parecido com o português, o filho do presidente despejou sua revolta no Twitter:
"Festival de mentiras", escreveu Carluxo. "Circo boçal de narrativas. Se a lei valesse de verdade, um sujeito que se preza mentir descaradamente onde a lei diz que não deveria, sair preso desse local era o esperado em um país sério! Mas vivemos no Brasil onde tudo acontece ao contrário!"
Festival de mentiras. Circo boçal de narrativas. Se a lei valesse de verdade, um sujeito que se preza mentir descaradamente onde a lei diz que não deveria, sair preso desse local era o esperado em um país sério! Mas vivemos no Brasil onde tudo acontece ao contrário!
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) May 4, 2021