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air Bolsonaro (PL) desencadeou uma crise militar em maio de 2021 ao demitir o então ministro da Defesa, general Fernando de Azevedo e Silva, o que levou à renúncia dos comandantes das três Forças (Exércio, Marinha e Aeronáutica).
Em conversa com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli, Bolsonaro revelou o motivo da demissão: Azevedo e Silva se recusou a pôr o Exército nas ruas das cidades e estados que impuseram lockdown em razão da alta de Covid-19.
A conversa entre Bolsonaro e Toffoli, segundo Ancelmo Gois, do jornal O Globo, está relatada no livro "Sem máscara", de autoria do jornalista Guilherme Amado e que será lançado nesta quinta-feira (9) pela Companhia das Letras na Livraria da Travessa do Shopping Leblon, a partir das 19h.
"Bolsonaro julgava natural demitir Azevedo e Silva em decorrência de sua recusa em ordenar que o Exército fosse às ruas. Um mês e meio depois da saída do general, o presidente relembraria o episódio em uma conversa com Dias Toffoli, que fora ao Alvorada a convite do presidente. Foi recebido na biblioteca. Era a primeira oportunidade que Toffoli tinha desde aquele 29 de março, para, a sós com Bolsonaro, perguntar ao presidente por que demitira o ministro. Alguns momentos da conversa foram interrompidos por um garçom e um ajudante de ordens. O general não contara a Toffoli o motivo da demissão, fiel a uma postura discreta que, ao sair da assessoria do ministro do Supremo para o Ministério da Defesa, avisou que teria em relação aos temas de governo.
“Por que o senhor demitiu o general Fernando?”, perguntou Toffoli.
“Queria fazer um estado de emergência do bem e ele não quis.”
“Como assim, presidente? O que seria isso?”, perguntou um espantado Toffoli.
“Queria colocar o Exército nas ruas para abrir as lojas e abrir os estados e municípios porque os governadores e prefeitos fecharam tudo. Então eu queria abrir, tentar manter o emprego e a economia funcionando”, detalhou Bolsonaro, como se descrevesse algo trivial.
O presidente explicou a Toffoli que o Brasil não aguentaria mais um ano com “tudo fechado”. Disse saber que, “com a pandemia e a economia fechando”, seu governo seria impactado. Teria um preço a pagar pela economia estagnada, sem crescimento.
“Presidente, isso não tem cabimento. Para de exagerar, para com essa coisa”, aconselhou Toffoli, reeditando a postura que em diferentes ocasiões havia adotado na presidência do STF. Bolsonaro ouviu, não contra-argumentou, e a conversa naturalmente mudou para outro assunto".
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