Demitido em MG, Amaury nega que Privataria foi resposta a Pó Pará

Portal Plantão Brasil
19/12/2013 09:20

Demitido em MG, Amaury nega que Privataria foi resposta a Pó Pará

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2577 visitas - Fonte: Viomundo

por Luiz Carlos Azenha

Luís Nassif publicou em seu blog um artigo sobre a desistência de José Serra da corrida eleitoral de 2014. Nele, sugere que o livro A Privataria Tucana, do repórter Amaury Ribeiro Jr., que vendeu 150 mil exemplares, foi uma resposta ao artigo Pó Pará Governador, do falecido Mauro Chaves, homem ligado a Serra, em O Estado de São Paulo, antes da definição de quem seria o candidato tucano ao Planalto em 2010.



Ou seja, depois do Pó Pará – uma referência nada discreta a hábitos de consumo — o grupo ligado ao hoje senador Aécio Neves teria respondido com o livro-bomba.



Defendo antecipadamente o Nassif de qualquer crítica: é uma especulação recorrente. Surgiu inclusive entre os comentaristas deste blog, logo que o livro foi lançado.



Amaury, como se sabe, foi vítima de intenso bombardeio durante a campanha de 2010. Responde hoje por suposta corrupção de funcionário público no episódio da violação do sigilo de parentes de José Serra, o que ele nega veementemente.



Pelo que contou no próprio livro e a amigos, o repórter era parte do embrião da campanha de Dilma Rousseff, convocado pelo publicitário Luiz Lanzetta.



Porém, por conta de uma disputa interna por influência entre os grupos do atual presidente do PT, Rui Falcão, e do atual ministro Fernando Pimentel, que é de Minas Gerais, o assunto foi parar na revista Veja, que em seu estilo tradicional turbinou a ideia de uma mansão mal assombrada em Brasília, cheia de tramas obscuras. Um repórter da Folha deu um upgrade ao caso. Adotando a teoria jornalística do “teste de hipóteses” de Ali Kamel, sustentou a existência de um “núcleo de inteligência” do qual o malévolo Amaury era a assombração principal. Esta, repito, é a versão de Amaury sobre o imbróglio.



Ele também sustenta que o famoso “dossiê” que teria desenvolvido contra José Serra era, na verdade, resultado de uma longa investigação da privataria tucana, que começou quando ele ainda era repórter do insuspeito — neste caso — jornal O Globo, do Rio de Janeiro.



Ou seja, o “dossiê” do “núcleo de inteligência” era um livro que vinha sendo escrito há alguns anos — e Amaury apresentou provas de que trabalhava no assunto faz tempo. Tinha obtido documentos importantes depois de ser processado pelo tucano Ricardo Sergio de Oliveira. Pediu “exceção da verdade”, ou seja, o direito a ter acesso a documentos sigilosos da CPI do Banestado, com o objetivo de provar o que escrevera sobre o tucano.



A amizade entre Amaury e Josemar Gimenez, diretor de O Estado de Minas, um jornal francamente aecista — que inclusive rebateu o Pó Pará, na época — talvez explique as especulações sobre Amaury ter trabalhado para Aécio.



Desta vez encaminhei ao Amaury a pergunta por escrito. Eis a resposta, editada ao essencial:



“Como eu poderia trabalhar para o Aécio, se a primeira coisa que o exército dele, comandado pela general Andréa Neves, fez ao comprar (ou arrendar — com dinheiro público?) o Hoje em Dia foi pedir a minha cabeça?



Durante um ano e meio a minha coluna no jornal mineiro, assinada em parceria com o jornalista Rodrigo Lopes, foi o único espaço em toda era do tucanato mineiro a criticar os desmandos da família Neves em Minas. Foi por meio da coluna, por exemplo, que leitores tiveram conhecimento de que um laudo da PF comprovava que a famosa “Lista de Furnas”, que alimentava as campanhas dos tucanos, era verdadeira.



Na terça-feira dessa semana, uma dupla de comediantes comunicou ao Rodrigo Lopes que iria rescindir nosso contrato. “Até aí tudo bem. Eles já não estavam publicando a coluna. O problema é que eu tive de ouvir aquelas baboseiras, um deles disse até que já estava preparado para assumir a direção do New York Times”, relatou Rodrigo



Rodrigo disse não ter acreditado no que viu com os próprios olhos. O pupilo de Andréa teria transformado a sala de diretoria de redação num santuário de culto a ele mesmo. As fotos abraçado a economistas neoliberais e políticos tucanos tomam conta de todo ambiente. “Até em cima do sanitário tem foto dele”.



As sacadas geniais do novo chefe e de seu escudeiro já viraram motivo de piada em toda cidade. Ao se apresentar aos jornalistas da redação, mais uma vez manifestou seu ódio aos conterrâneos de Lula. “Aqui não tem esse negócio de fazer matéria a favor de nordestinos, não”.



Como bom tucano, deixou também bem clara sua visão em relação ao jornalismo investigativo. “Quem quiser investigar é que faça concurso para o Ministério Público”.



A toda poderosa general Andréa não se preocupou ao deixar rastros no negócio através do qual passou a controlar o Hoje em Dia.



Antonio Carlos Tardeli, um dos diretores do Grupo Bel, que assumiu o controle acionário do jornal, era do Departamento Estadual de Telecomunicações de Minas Gerais, o DETEL, quando o negócio foi fechado. Sua função era justamente fiscalizar os veículos de comunicação do Estado. Pouco dias antes, ocorreu outra coincidência: um rádio do grupo, localizada numa favela de Belo Horizonte, foi desapropriada pelo governo de Minas. O Tesouro desembolsou R$ 10 milhões para desapropriar o terreno onde vai ser construído um posto da Polícia Militar. É um caso para o Ministério Público investigar.



Agora só não venham me falar que eu trabalho para esse povo”.



Adendo do Rodrigo Lopes: O Tardeli acumulava a função. Ele era diretor de rádios do grupo Bel e presidente do Detel, órgão responsável pela fiscalização dos veículos eletrônicos no estado. O conflito de interesse gerou um processo contra Tardeli. O Ministério Público apresentou denuncia contra Tardeli e Marco Aurélio Carneiro, que é o presidente do Grupo Bel e amigo das antigas de Andrea Neves. No processo, que tramita na Vara da Fazenda de BH, o Ministério Público pede o ressarcimento de R$ 400 mil. Tardeli foi assessor de Pimenta da Veiga no Ministério da Comunicações, no governo FHC, era a raposa tomando conta dos ovos no galinheiro.



PS do Viomundo: Amaury diz nada saber sobre a denúncia de um site mineiro de que o esquema de Aécio teria conseguido plantar na revista IstoÉ, no fim-de-semana passado, uma reportagem atacando a testemunha-chave do mensalão tucano, Nilton Monteiro, que está preso em Minas sob acusação de coagir testemunhas num processo em figura como falsário. Fica o registro da coincidência de a reportagem ter sido publicada quase ao mesmo tempo em que saiu, aqui no Viomundo, a entrevista da repórter Lúcia Rodrigues com Monteiro, feita num Fórum de Belo Horizonte.



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