604 visitas - Fonte: O Globo
BRASÍLIA — Envolvido em três ações por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética, o deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) indicou testemunhas de defesa que podem mais prejudicá-lo do que facilitar o arquivamento de seus casos. Na acusação de incitação à violência e de ameaças que faz num vídeo que postou após manifestação no Rio em maio de 2020, Silveira indicou para defendê-lo no conselho o major da reserva da Polícia Militar Elitusalém de Freitas, ex-vereador pelo PSC.
Em depoimento na quarta-feira ao conselho, Elitusalém defendeu o parlamentar, fazendo críticas ao ministro Alexandre de Moraes, responsável no STF por inquéritos contra bolsonaristas radicais e que determinou a prisão de Silveira. O chamou de ’grande violador da Constituição’ e que não aceita ser criticado.
— O ministro Alexandre de Moraes viola diversas vezes a Constituição quando instaura um inquérito que não é da competência dele — disse a testemunha.
O major ainda chamou os antifascistas de terroristas e, sem dar nomes, se refere a autoridades como estrume. Declarou ainda que alguns integrantes da CPI da Pandemia deveriam estar presos.
— Autoridades que se portam como um pedaço de estrume, a senhora, com todo respeito, não me entenda mal, têm que ser tratadas pelo nome. E aí a gente vê uma vergonha que este país está passando, inclusive nesta CPI aí, onde autoridades que têm condutas deploráveis, que deveriam estar presas, estão inquirindo pessoas e se portando como juízes morais de alguém, onde não têm moral nenhuma para falar — completou Elitusalém, em reposta à relatora do caso, deputada Rosa Neide (PT-MT), que o questionou sobre ataques de Silveira a autoridades do país, se essas críticas são cobertas pela imunidade parlamentar.
Quebra ’magistral’ da placa de Marielle
Também testemunha de Daniel, o estudante de Direito João Daniel Silva defendeu até mesmo o gesto do parlamentar de quebrar uma placa com o nome de Marielle Franco, durante da campanha eleitoral de 2018. Ele foi ouvido na semana passada.
— O deputado também é processado aqui por ter quebrado a placa de Marielle, coisa que eu teria feito também...Daniel Silveira não era deputado quando quebrou magistralmente a placa da senhora Marielle Franco, não porque era a placa com o nome dela jamais. Respeitamos aqui todo e qualquer ser humano. Mas porque era uma placa falsa que estava ali sobre uma placa verdadeira no centro histórico do Rio de Janeiro — afirmou João Daniel.
O estudante confrontou a relatora algumas vezes, e chegou a ser alertado pelo presidente do conselho, Paulo Azi (DEM-BA). Perguntado se achava normal um deputado fazer ameaças de morte a quem se manifesta contra o fascismo, foi áspero.
— Essa pergunta é tendenciosa, sim. Eu sou um estudante de direito. Eu não sei se os senhores aqui são formados em direito, estudam direito, sabem o que é direito, o que é ordenamento jurídico, mas a pergunta é tendenciosa. Então, a minha resposta é... Se quiser anotar aí a resposta, anote. A minha resposta é a seguinte: essa pergunta é tendenciosa. Portanto, não irei responder.
O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) criticou a postura das testemunhas e disse a Daniel Silveira:
— O senhor traz testemunhas que em vez de testemunhar que Vossa Excelência é uma pessoa afável em outros momentos ou alguma coisa que minimize a potência da agressividade Vossa Excelência traz testemunhas que são sua imagem e semelhança, que tem a mesma linguagem — disse Valente.
As testemunhas falaram em processo aberto por conta de gravação em que Silveira promete disparar um "tiro na caixa do peito" de um manifestante antifascista, chamado de comunista e filho da puta por ele.
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