Esquema de espionagem e desinformação da Abin alimentava influenciadores bolsonaristas

Portal Plantão Brasil
18/7/2024 12:15

Esquema de espionagem e desinformação da Abin alimentava influenciadores bolsonaristas

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Jornalistas e servidores públicos monitorados pela chamada "Abin paralela" da gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro ficaram surpresos com as revelações feitas pela Operação Última Milha da Polícia Federal (PF).

A PF revelou que a Abin foi usada ilegalmente durante o governo Bolsonaro. Na segunda fase da Operação Última Milha, ocorrida na última quinta-feira (11), cinco pessoas foram presas: o policial federal Marcelo Bormevet, o sargento do Exército Giancarlo Rodrigues, os influenciadores Richards Pozzer e Rogério Beraldo de Almeida, e o ex-assessor de comunicação da Presidência Matheus Sposito.

De acordo com a PF, os influenciadores espalhavam conteúdos falsos nas redes sociais com informações fornecidas pela Abin. Pozzer e Beraldo publicaram notícias falsas ou distorcidas sobre ministros do STF, senadores da CPI da Covid, jornalistas e agências de checagem de notícias. A Abin paralela fornecia dados pessoais de opositores do governo aos influenciadores bolsonaristas.

Um dos monitorados foi o Sleeping Giants Brasil, coletivo que organiza campanhas virtuais contra sites e empresas que propagam fake news e discursos de ódio. Desde novembro de 2020, Bormevet informou a Rodrigues sobre a necessidade de “aprofundar” um relatório sobre o Sleeping Giants, pois os nomes dos criadores da página ainda não eram conhecidos.

A "Abin paralela" tinha acesso à localização das pessoas monitoradas. O acompanhamento era feito por meio do sistema First Mile, software israelense que identificava os celulares dos alvos e fornecia suas coordenadas.

A PF já havia encerrado um inquérito sobre o Sleeping Giants quando o coletivo entrou na mira da "Abin paralela". Uma semana após o grupo ser criado, em maio de 2020, a PF tentou descobrir os responsáveis pela página, mas o inquérito foi arquivado em julho do mesmo ano a pedido do MPF.

Os criadores do Sleeping Giants saíram do anonimato em dezembro de 2020, em uma entrevista ao jornal Folha de S. Paulo. Após a publicação, o casal Leonardo Leal e Mayara Stelle, então com 22 anos, passou a ser atacado nas redes. Influenciadores afirmavam, sem provas, que eles não eram os verdadeiros donos da iniciativa.

Um mês após a entrevista, em janeiro de 2021, o Sleeping Giants foi atacado por Richards Pozzer. Em uma mensagem obtida pela PF, Bormevet encaminhou a Rodrigues uma publicação de Pozzer no Twitter (agora X), acusando o coletivo de ser “laranja” do YouTuber Felipe Neto — algo nunca comprovado. A postagem teve mais de 2.600 curtidas e 800 compartilhamentos.

Com informações do DCM

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