531 visitas - Fonte: O Estadão
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, afirmou nesta segunda-feira, 16, ver ‘motivação política’ nos ataques sofridos pelo sistema da Justiça Eleitoral no domingo, dia de votação, e apontou a ação de ‘milícias digitais’. Segundo ele, houve uma atuação articulada para tentar desacreditar as instituições do País. Barroso, no entanto, afirmou que os ataques foram neutralizados e não tiveram qualquer relação com o atraso de cerca de três horas na divulgação dos resultados na noite de domingo.
“Milícias digitais entraram imediatamente em ação tentando desacreditar o sistema. Há suspeita de articulação de grupos extremistas que se empenham em desacreditar as instituições, clamam pela volta da ditadura e muitos deles são investigados pelo STF”, afirmou Barroso em entrevista na sede do TSE, em Brasília. Segundo ele, as suspeitas citadas por ele serão investigadas pela Polícia Federal.
O ministro evitou rotular os grupos que embarcaram na campanha de desinformação a partir das primeiras notícias de ataques contra o TSE. No entanto, relatório produzido pela SaferNet, que atua em colaboração com o Ministério Público Federal, apontou que perfis bolsonaristas e ligados a movimentos de extrema-direita foram os que mais deram eco às informações falsas e enganosas sobre a lisura do processo.
As análises da SaferNet foram entregues ao MPF e à PF. Um inquérito foi aberto para apurar a autoria dos ataques. Em entrevista nesta segunda-feira, Barroso pediu para que sejam investigados “não apenas o ataque específico, mas a orquestração para desacreditar o sistema e as instituições”.
A apuração da SaferNet apontou que às 9h25 do domingo foram divulgadas informações de servidores e ex-ministros do TSE obtidas em ataque realizado em 23 de outubro. No entanto, os dados eram referentes ao período entre 2001 e 2010, e não tinham qualquer relação com o processo eleitoral. Mesmo assim, o fato foi usado nas redes para colocar em dúvida a segurança das urnas eletrônicas.
“A divulgação foi feita no dia da eleição para trazer impacto e para fazer parecer fragilidade do sistema eleitoral”, afirmou Barroso.
Na sequência, às 10h41, o TSE passou a sofrer um chamado “ataque de negação de serviço”, quando há milhares de tentativa de acesso para derrubar o sistema . As tentativas partiram do Brasil, dos Estados Unidos e da Nova Zelândia. Com 436 mil conexões por segundo, os sistemas ficaram lentos, mas resistiram.
Atraso. Barroso também deu uma nova versão para o atraso na totalização dos votos, feita apenas 23h55 de ontem, quase três horas depois do resultado em 2018. Segundo ele, a entrega de um “supercomputador” pela empresa Oracle foi atrasada por causa da pandemia. Comprado em março, o equipamento chegou em agosto.
Assim, não houve tempo suficiente para testes prévios e a inteligência artificial do sistema não foi capaz de aprender a tempo a processar o volume de informações que recebeu.
“Imaginar que um atraso de duas horas e meia na contabilização possa repercutir no resultado é não lidar com a realidade. A realidade sai da urna”, disse. “Em nenhum momento a integridade do sistema esteve em risco. O que houve foi um atraso porque o sistema congestionou e travou por incapacidade da inteligência artificial.”
Apesar do atraso na entrega do computador, o presidente do TSE descartou a possibilidade de sanção à companhia por causa das adversidades impostas à realização do serviço durante a pandemia. O contrato com Oracle é de R$ 26 milhões, por 48 meses de serviços.
As 436 mil conexões por segundo, de acordo com os técnicos do TSE, é superior ao dobro de todas as conexões no site da Justiça Eleitoral nas eleições de 2016.
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