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Roberto Alexandre Carneiro Campos Francesconi, de 61 anos, foi detido no último sábado (28), no Rio de Janeiro, e levado para a 9ª Delegacia de Polícia, no Catete, para dar explicações sobre as tatuagens nazistas que exibia no Largo do Machado. Ele deletou suas redes sociais após as acusações de apologia ao nazismo se espalharem pela imprensa e nas próprias redes. O homem desfilava pela região mostrando uma suástica, um sol negro e um letreiro com a expressão ‘White Pride’(Orgulho Branco). Após prestar depoimento e ser identificado, a Polícia Civil o liberou.
Durante o período na delegacia, o pesquisador Leonardo Guimarães, que o denunciou pelas tatuagens, tentou denunciá-lo novamente, na delegacia, por apologia ao nazismo. Sem sucesso, Guimarães contou à imprensa que Francesconi estaria “debochado e tranquilo” na delegacia, “como se nada estivesse acontecendo.” Afirmou ainda que foi chamado “comunistinha” e ouviu ofensas o Supremo Tribunal Federal dentro da própria delegacia, por parte do inspetor que registrou o caso - que ainda teria pedido desculpas a Francesconi.
A Polícia Civil divulgou nota afirmando que Francesconi alegou que a suástica seria um símbolo milenar anterior ao próprio nazismo. Também negou que o inspetor tenha emitido uma opinião sobre o caso. Após a tentativa frustrada, Guimarães procurou a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância onde finalmente conseguiu protocolar uma denúncia de “preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”.
Agora o pesquisador é orientado por advogados da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ, que querem ir à Corregedoria contra o inspetor. Já Francesconi, após as denúncias de nazismo deletou suas redes sociais e não foi encontrado pela imprensa.
Ameaça, lesão corporal e cárcere privado contra mulheres
A notícia viralizou nas redes sociais, gerando especialmente uma rejeição à sua liberação. O Uol conversou com vizinhos de Francesconi que relataram as frequentes visitas policiais à residência do homem que nas redes sociais diz que trabalha com segurança privada e comercial. Além disso, também foi descoberto que o sobrenome italiano foi adotado após um casamento.
Mas o que realmente chama a atenção é a enorme quantidade de acusações e investigações que envolvem seu nome e datam de 2003, quando foi acusado de ameaça e lesão corporal leve. Desde então foi fichado algumas vezes por crimes como cárcere privado e injúria, todos no âmbito da lei Maria da Penha, ou seja, praticados contra mulheres.
As investigações correram em sigilo, sendo que algumas ainda nem chegaram à Justiça. Todas já foram arquivadas ou extintas nos últimos anos, não havendo maiores informações a respeito delas.
Golpes na internet e Auxílio Emergencial
Francesconi também é acusado por colecionadores de antiguidades de aplicar golpes na internet. De acordo com as denúncias, ele anunciaria um objeto ou móvel antigo com valor competitivo. Se perguntado sobre a razão do preço estar tão baixo, afirmaria que está fechando a loja e precisa vender as mercadorias.
No entanto, após receber os sinais das compras, via pix, bloqueia as vítimas. O produto não é entregue, porque simplesmente não existe, e os valores depositados como sinal jamais são devolvidos.
Vítimas do golpe mostraram a jornalistas do Uol os comprovantes enviados. A conta de destino é associada ao CPF de Francesconi. Uma das vítimas sofreu o golpe apenas dois dias antes do homem ser detido no Catete.
A reportagem ainda apurou que entre junho de 2020 e outubro de 2021, Francesconi recebeu 16 parcelas do Auxílio Emergencial. Nos 13 meses seguintes, vieram parcelas do Auxílio Brasil. No total, ele se beneficiou de aproximadamente R$ 8 mil com os programas de transferência de renda. No entanto, não há informações sobre as condições dos repasses, ou seja, se foram regulares ou não.
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