O Rio é quente como o inferno, mas lindo como o Céu

Portal Plantão Brasil
4/1/2014 09:20

O Rio é quente como o inferno, mas lindo como o Céu

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1721 visitas - Fonte: Tijolaço

Neste momento, a sensação térmica no Rio de Janeiro é de 50 graus.



Meu pobre aparelho de ar-condicionado pediu penico, não esfria mais, que dirá gelar.



Ainda assim, a cidade – da qual estou exilado do outro lado da baía – brilha como uma fornalha.



Como disse um amigo, paulistano: não é justo dizer que vocês, cariocas, trabalham pouco, vocês trabalham muito.



Porque, “com um calor destes e uma cidade tão linda, vocês deviam era não fazer nada”.



Pois hoje, recomenda-se que não faça nada.



Aos arautos da produtividade acima de tudo, sugiro quebrarem pedra ao sol hoje, para ver como é bom mandar os outros se matarem.



O segurança de uma loja, devidamente encasacado de paletó – ô cabecinha murrinha que acha que segurança tem de usar paletó e policial tem de usar coturno, num verão pra lá de 40 graus – não arredava pé de seu posto de vigilância, exatamente à frente de um ventilador imenso.



Se alguém roubasse um ventilador que não fosse aquele duvido que ele fosse se mexer, pois estava em estado catatônico de calor.



Então, vou seguir o conselho de meu amigo e trabalhar na medida do possível, transcrevendo um texto do coleguinha Edgar Catoira, na CartaCapital, e que vem ao encontro do que observei ontem, aqui, sobre o permanente “falar mal” do Rio e do Brasil, que empurra para baixo o nosso turismo receptivo.



Embora, é claro, não impeça milhões de brasileiros de virem se derreter neste maravilhoso braseiro carioca.



Não derrubem o Rio!



Edgard Catoira

Duvido que alguém que se atreva a ler este texto não tenha tomado conhecimento do que foi mais uma festa de réveillon nas areias de Copacabana. Como sempre, a partir de meia noite, toneladas de fogos de artifício foram detonados, num esplendor que fez explodir a alegria de mais de dois milhões de pessoas que se abraçavam e beijavam, como acontece todos os anos, neste mesmo cenário – único.



No modorrento início do dia primeiro, o noticiário local chamava a atenção para a bagunça da cidade: sujeira nas praias, dificuldade para voltar para casa, tiroteio com direito a balas perdidas, assaltos.



Mas, espera um pouco: houve sim, antes da festa, um tiroteio. Aconteceu de um casal se desentender na rua e o marido partir para a mão grande contra a mulher. Um PM tentou ajudar e, durante a troca de tapas, o marido arrancou a arma do guarda e começou a atirar. Ou seja, um caso corriqueiro de polícia que nada tinha a ver com a festa de fim de ano. Portanto, nada a ver com o réveillon.



De resto, como em qualquer aglomeração, em Copacabana ou Paris, sempre haverá batedor de carteira. Eu mesmo – apesar de ter cara de imã de assalto, como diz meu filho – já tive que escapar de batedores de carteira em locais turísticos. Isso, em lugares tidos como tranquilos, como Madri, Florença ou Lisboa – onde, inclusive, levaram minha carteira.



Como se vê, até agora, nada de anormal na nossa festa carioca. E, repito, éramos mais de dois milhões de espectadores na praia. Claro que, acabado o espetáculo dos fogos, essa gente toda tinha que caminhar pelas ruas. Com dificuldade, claro. É deslocamento de multidão, num mesmo momento! Com calma, porém, todos saímos. Sem maiores transtornos, apesar de eu, particularmente, me sentir parte de uma boiada. Mas boiada feliz, sabe como é.



Mas as reclamações do dia primeiro continuam. A praia ficou suja.



Claro que ficou imunda. Todo mundo que estava lá levou champagne – ou cidra, ou cerveja e até cachaça. E garrafas, copos, restos, ficaram pelo caminho por onde passou a turba bovina. E, com um pouco de boa vontade dá para entender que nem todo mundo consegue chegar a uma lixeira no meio de tanta gente.



A verdade é que logo cedo, a praia estava limpa. A Comlurb, responsável pela coleta de lixo no Rio, é eficiente. E centenas de garis deixaram, até o fim da manhã, Copacabana em ordem.



Mas, o negócio é derrubar a grandiosidade desta cidade. Reclama-se do tempo – cerca de quatro horas – que se leva numa fila para tomar uma condução que leve ao Corcovado. Digo eu, espera aí. Em Paris, mesmo sem ser dia de festa, leva-se esse tempo para conseguir subir na Torre Eiffel. As filas são confusas também, e as figuras que ficam circulando entre a turistada têm semblantes pouco amigáveis.



Quanto ao Pão de Açúcar, a reclamação fica por conta dos horários disponíveis nos bondinhos. Muitos que chegaram cedo só conseguiriam subir na parte da tarde. Daí, me lembro de Santillana Del Mar, cidade medieval do Cantábrico, norte da Espanha, que tem cerca de quatro mil habitantes. Pois bem, nessa cidade ficam as famosas cavernas de Altamira, com pinturas rupestres que mostram a arte pré-histórica do homem. São desenhos de animais gravados nas pedras entre 35 mil e 11 mil antes de Cristo. Uma verdadeira Capela Sistina da arte paleolítica.



Tudo bonito, organizado, guiado. Mas, para visitar as cavernas, temos que comprar as entradas com antecedência porque os grupos se fecham com antecedência. Quem passar por lá desavisado, com certeza, não vai conseguir ver essa maravilha. E, lembro, a pequena cidade não oferece disponibilidade hoteleira para muita gente.



Sou de criticar o Rio, principalmente como me refiro a seus governantes. Mas o réveillon aqui é realmente algo imperdível. Estão até inventando que iria haver um “beijaço”. Houve. Aliás, como sempre há. É hora de beleza, espírito desarmado, quando todos estão felizes e cheios de esperanças.



Este mar abençoa, tira as energias negativas do ano que se acaba. Revitaliza a alma, faz a vida recomeçar. E ela sempre recomeça melhor quando se está em Copacabana. Este lugar é mágico, maravilhoso.



Violência, desorganização, tudo passa ao largo da festa popular da praia mais querida – e bonita – deste planeta. Então, chega de reclamação e de mal falar!



Prefiro parodiar a musiquinha da Caixa: “Vem pra Copa você também. Vem”. No réveillon ou em qualquer época do ano.



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