The New York Times estava certo: Dilma foi afastada por bandidos, que salvaram Temer

Portal Plantão Brasil
6/8/2017 06:38

The New York Times estava certo: Dilma foi afastada por bandidos, que salvaram Temer

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A reportagem do New York Times, que com destaque na primeira página abordou o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff erra em algumas passagens , mas acerta no atacado.



A matéria bastante crítica – fala até de prostitutas operando no Congresso para, como disseram “lembrar o clima de circo” – tenta mostrar que a presidente do Brasil, que jamais foi acusada de roubo, poderá ser derrubada por um Congresso, cuja maioria é investigada ou já responde processo por cometer crimes. A começar pelo presidente da Câmara:



“Sra. Rousseff, então, é algo de uma raridade entre figuras políticas importantes de Brasil: ela não tem sido acusada de roubar para si mesma. Eduardo Cunha, o poderoso presidente da Câmara Baixa que está liderando o esforço de cassação, vai a julgamento na mais alta corte, o Supremo Tribunal Federal, sob a acusação de que ele embolsou tanto quanto US $ 40 milhões em subornos. Sr. Cunha, um cristão evangélico, um comentarista de rádio cristã evangélica e economista que regularmente emite mensagens de Twitter citando a Bíblia, é acusado de lavagem dos ganhos através de uma mega-igreja evangélica”, afirmam os dois jornalistas que assinam a reportagem: Simon Romero (Brasília) e Vinod Sreeharsha (Rio de Janeiro).”







O jornal americano usa ainda dois depoimentos para reforçar a tese de que o problema de Dilma não é corrupção, como acontece com os políticos que querem seu impedimento. O primeiro é do jornalista Mario Sérgio Conti:



“Â Dilma pode cavar sua própria sepultura por não entregar o que prometeu, mas ela é imaculada em uma esfera política manchada com excremento de cima para baixo”, disse.



Outro a endossar a mesma tese foi Luis Almagro, secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA). Ele, segundo o jornal americano, criticou o processo de cassação, dizendo que as acusações contra a Sra. Rousseff não são crimes, mas estão relacionados à má administração. Acrescentou que os erros da presidente eram “ações que outros presidentes no passado fizeram”, mas os políticos do Brasil irão ” julgá-la de forma diferente”.



O jornal acrescentou que Almagro também criticou os políticos que estão empurrando para o impeachment, mas que enfrentam suas próprias acusações de corrupção.



“Estou preocupado com a credibilidade de algumas das pessoas que estão indo para julgar ou decidir este processo de impeachment“ , disse ele.



Eduardo Cunha: muito citado pelo jortnal americano. Foto Blog Mario Magalhães

Eduardo Cunha: muito citado pelo jornal americano. Foto Blog Mario Magalhães

Os dois repórteres ressaltam a baixa popularidade de Dilma, a insatisfação com o seu governo, mas lembram que a própria população admite que a cassação da presidente não é pela corrupção: “Ninguém poderá contestar que a Sra. Rousseff é muito impopular em todo o país, como refletido em seus índices de aprovação de simples-dígito; a ampla ira sobre suborno e propinas dentro de seu Partido dos Trabalhadores; e os protestos de rua regulares, exigindo a sua demissão”, mas advertem em seguida:





“Mesmo assim, alguns brasileiros argumentam que a agitação de cassação tem menos a ver com carimbo de corrupção do que com um esforço para deslocar o poder para legisladores com registros questionáveis de si mesmos”.



Temer e Renan, mal na fita -Ao falar dos políticos que compõem o Congresso Nacional, o NYT destaca que “60 por cento dos 594 membros do Congresso brasileiro enfrentam acusações graves como suborno, fraude eleitoral, desmatamento ilegal, sequestro e homicídio, de acordo com a Transparência Brasil, um grupo de monitoramento de corrupção”.



Lembram que isto tornou-se uma parte da estratégia de defesa da presidente. “Em particular, Sra. Rousseff e seus partidários argumentaram, como pode o processo de cassação ser dirigido por alguém que vai a julgamento por corrupção?”



Tanto o vice-presidente, Michel Temer como o presidente do Senado, Renan Calheiros, aparece mal nas reportagem do jornal americano. Foto: reprodução

Tanto o vice-presidente, Michel Temer como o presidente do Senado, Renan Calheiros, aparece mal nas reportagem do jornal americano. Foto: reprodução

O jornal também fala de Michel Temer, citando que ele “foi acusado de envolvimento em um esquema ilegal de compras de etanol”.



Sobre Renan Calheiros, presidente do Senado, lembra:



“ele está sob investigação sob alegações de que ele recebeu subornos no gigante escândalo envolvendo a companhia nacional de petróleo, Petrobras. Ele também foi acusado de evasão fiscal e de permitir que um lobista pagar pensão para uma filha de um caso extraconjugal.



Maluf desmentido – Ao falarem de Paulo Maluf, os dois jornalistas acabam desmentindo o ex-prefeito de São Paulo que anunciou essa semana não estar mais na lista de procurado pela Interpol. O deputado paulista pelo PP é quem abre a matéria, tendo os repórteres lhe relacionado o bordão “Rouba, mas faz”, que traduziram como: “He steals but gets it done”.



Não ficou só nisso, lembraram que Maluf “enfrenta acusações dos Estados Unidos de que roubou mais de US $ 11,6 milhões em um esquema de propina”. Mais adiante, ao registrarem que o deputado paulista apoia a remoção da presidente, recordaram que ele “passou semanas na cadeia, há uma década, sob a acusação de lavagem de dinheiro e evasão fiscal. Mas ele foi libertado sob uma lei permitindo que as pessoas com idade superior a 70 enfrentem as acusações em casa”. Em seguida, desmentem o deputado que disse já poder viajar para o exterior:



“Apesar das alegações do Sr. Maluf nos últimos dias que ele pudesse viajar para fora do Brasil sem ser preso, ele continua a ser procurado pela Interpol para o caso contra ele nos Estados Unidos, de acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos. A França também tem um mandado pendente para a sua prisão em um caso separado envolvendo lavagem de dinheiro (do crime) organizado”.



Outros políticos citados são deputado delegado Eder Mauro (PSD-PA), “que está enfrentando acusações de tortura e extorsão da sua passagem anterior como um oficial de polícia em Belém, uma cidade cansada de crime na Amazônia”; Beto Mansur (PRB-SP) – “que é acusado de manter 46 trabalhadores em suas fazendas de soja no estado de Goiás em condições tão deplorável que os investigadores dizem que os trabalhadores eram tratados como escravos modernos” (na verdade, o inquérito contra ele sobre esta questão foi arquivado pelo STF); e ainda Roberto Jefferson (PTB): “legislador que foi para a prisão depois de sua condenação por seu papel em um esquema de compra de votos, disse que o talento do Sr. Cunha de política double-dealing serviu como uma vantagem estratégica”.







Há, porém, uma passagem que pode levar o americano a novamente nos comparar a uma republica das bananas. Os dois repórteres dizem “que até circularam neste mês, fotos de prostitutas operando em uma ala do Congresso reservados para as deliberações da comissão, lembrando aos brasileiros da atmosfera de circo da instituição nos dias de hoje”. Podíamos ficar sem esta.



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