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Publicações com cenas de vandalismo geraram o período de maior engajamento nas redes sociais durante os protestos a favor do impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), no dia 3 de junho. A conclusão é de um levantamento da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (DAPP-FGV) feito a pedido da BBC News Brasil.
O estudo apontou que o momento de maior agitação no Twitter ocorreu no início da noite de sábado, com 55,9 mil tuites às 21h, "quando passaram a circular denúncias e imagens de confrontos entre manifestantes e agentes de segurança e de prédios públicos e comerciais depredados durante os atos, sobretudo, na capital paulista".
Os atos foram organizados por partidos de oposição ao governo, movimentos sociais, organizações sindicais e entidades estudantis. Eles ocorreram em menos 180 cidades do país e do exterior, de acordo com o portal G1.
Segundo o estudo, durante a maior parte do dia, a rede de apoio do presidente teve uma presença bastante tímida no volume de publicações sobre os protestos.
Mas, por voltas das 18h, tuítes publicados pelo perfil da Polícia Militar de São Paulo (PM-SP) mudaram um pouco o jogo. A corporação postou a partir de então informações sobre o protesto praticamente em tempo real, com vídeos de incêndio em sacos de lixo e depredação de um ponto de ônibus e de uma agência bancária.
Foram publicadas três notas no Twitter da PM-SP do início do protesto até aquele momento, todos falando sobre a interdição de vias públicas. Depois que a violência eclodiu, houve mais 18 relatando atos de vandalismo.
Os posts da PM-SP foram compartilhados por bolsonaristas influentes no Twitter, como a deputada Carla Zambelli (PSL-SP). No dia seguinte, Bolsonaro também publicou as imagens para criticar as manifestações. "Esse tipo de gente quer voltar ao poder por um sistema eleitoral não auditável, ou seja, na fraude", disse.
No mesmo dia do ato, a rede bolsonarista subiu a hashtag #esquerdacriminosa, associando as imagens de vandalismo a manifestantes desse polo do espectro político. Foram 151,2 mil postagens com essa hashtag. Em contraponto, a hashtag #3jforabolsonaro teve 338,2 mil publicações.
"O perfil da PM não costuma aparecer no rol de apoiadores do presidente com influência nas redes sociais. Dessa vez, ele serviu como fonte de informação para essa rede durante e depois do protesto", explica Victo Piaia, pesquisador da DAPP-FGV.
Registro dos atos de vandalismo promovido por manifestantes na Rua da Consolação. #190pmesp pic.twitter.com/CW1VJFWehf
— Polícia Militar do Estado de São Paulo (@PMESP) July 3, 2021
