640 visitas - Fonte: Crusoé
O governo brasileiro resistiu à compra de doses de vacinas contra a Covid-19 suficientes para imunizar metade da população brasileira, por meio do consórcio Covax Facility, em setembro do ano passado.
Vídeos de reuniões interministeriais obtidos por Crusoé com exclusividade mostram que o Ministério da Saúde ignorou alertas feitos pelo Itamaraty e, alegando se tratar de uma operação arriscada, aderiu à iniciativa coordenada pela OMS em quantidade mínima, com doses para somente 10% da população.
Um dos argumentos do então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, para não aceitar a maior oferta possível do consórcio de vacinas da OMS era o de que se tratava de uma negociação “nebulosa”. A cantilena foi repetida durante o depoimento de Pazuello à CPI no dia 19 de maio deste ano, com um agravante: o ex-ministro mentiu ao dizer que o preço inicial da vacina era de 40 dólares a dose.
Quem o contradiz é a embaixadora do Brasil em Genebra, Maria Nazareth Farani Azevêdo. No vídeo de uma reunião com representantes do Itamaraty e da Casa Civil, no dia 12 de agosto de 2020, Maria Nazareth diz que o valor inicial da dose era de 20 dólares, mas logo depois foi reduzido para 10,55 dólares. “O preço da dose baixou bastante. De 20 foi para 12…entre 12 e 16… e agora está sendo apresentado para nós a 10 dólares e 55 centavos”, disse. Os vídeos também mostram que faltou conhecimento de inglês para integrantes do governo entenderem o contrato do consórcio coordenado pela OMS.
É espantoso que, enquanto impôs uma série de obstáculos para aderir ao consórcio, que poderia fornecer vacina suficiente para imunizar até 50% da população, o mesmo Ministério da Saúde, comandado pelo general Pazuello, topou sete meses depois o valor de 15 dólares por cada dose da vacina indiana Covaxin, negociada por uma intermediária enrolada com a Justiça, a Precisa Medicamentos, e conversou com Luiz Paulo Dominghetti, um cabo da PM de Minas Gerais, sobre a compra bilionária de 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca, em arranjo obscuro da empresa Davati, que admitiu não ter vacina nenhuma para vender.
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