Hapvida ameaçou de demissão o médico Felipe Peixoto Nobre, que se negava a receitar o kit covid

Portal Plantão Brasil
4/10/2021 10:51

Hapvida ameaçou de demissão o médico Felipe Peixoto Nobre, que se negava a receitar o kit covid

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723 visitas - Fonte: O Globo

BRASÍLIA - A operadora de saúde Hapvida, que tem a maior presença nacional nas regiões Norte e Nordeste, é acusada de pressionar médicos para cumprirem metas de prescrição de “kit covid” para pacientes mesmo com a ineficácia comprovada dos medicamentos receitados para Covid-19. Mensagens, áudio e relatos revelados pelo GLOBO na sexta-feira mostraram que as intimidações envolviam orientações diretas para “fazer o convencimento” de pacientes para o uso de cloroquina. Agora, um ex-funcionário da companhia, o médico Felipe Peixoto Nobre, detalhou à reportagem como ocorria o que classifica como “assédio” para receitar tratamento precoce, com direito a uma lista de médicos considerados “ofensores” e ameaças de demissão.



Segundo o relato do médico, a empresa tampouco fazia questão de informar os riscos do uso de medicamentos como cloroquina e se recusava, nos primeiros meses da pandemia, a fazer testes para detecção do coronavírus em pacientes.

— Éramos vistos como inimigos e marcados com uma bandeira vermelha. Recebi quatro visitas no ambulatório do médico-líder em menos de um mês. Me disseram que eu corria o risco de ser desligado do plano, caso eu não prescrevesse o “kit covid”. A chefia sabia exatamente quem prescrevia ou não, porque estavam fazendo auditoria nos prontuários, um absurdo total — disse Nobre ao GLOBO.

A defesa do “kit covid”, mesmo após sua ineficácia ser comprovada, é uma das principais acusações contra o governo Jair Bolsonaro na CPI do Senado. O presidente ainda continua defendendo o chamado “tratamento precoce”, como apregoou em seu discurso na última Assembleia Geral da ONU, em Nova York, na contramão da ciência.

— Não interessava se o paciente sabia ou não dos riscos, a orientação era: tem que passar e não cabe discussão. Eu saí em maio de 2020, mas soube por colegas que eles continuaram fazendo isso até março deste ano — afirmou Nobre.



O médico ainda relatou que a operadora se recusava a fazer testes de Covid-19 em pacientes suspeitos e que a falta de triagem inicial acabou “gerando ainda mais a contaminação do ambiente”.

— O Ministério da Saúde havia baixado orientação de testar todo (caso) suspeito, mas o plano não seguiu isso. Recebi várias negativas de exames pedidos. Me lembro de ao menos dois casos: um de uma senhora de idade com comorbidades e outro de uma enfermeira que trabalhava no hospital, as duas com sintomas de gripe. Me disseram que o teste era só para pacientes com indicação de internação — relatou.

Em nota enviada ontem ao GLOBO, a Hapvida afirmou que a fase inicial da pandemia foi marcada por “incertezas”. “No passado, havia um entendimento que a hidroxicloroquina poderia trazer benefícios aos pacientes. No melhor intuito de oferecer todas as possibilidades aos nossos usuários, houve uma adesão relevante da nossa rede, que nunca correspondeu à maioria das prescrições”, diz a nota.



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