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A destruição da Amazônia pode complicar a situação econômica e diplomática do Brasil caso Joe Biden seja eleito a presidente dos Estados Unidos, avaliam especialistas. O democrata pretende continuar um raciocínio da política americana em não dividir o tema ambiental entre "assunto de esquerda" ou "de direita", e busca uma nova liderança mundial. É aí que nosso país pode passar por uma pressão inédita de um aliado histórico.
Biden propôs um fundo de US$ 2 trilhões (R$ 11 tri) contra a crise climática e pretende investi-lo em energia renovável e tecnologia para redução dos gases do efeito estufa.
O meio ambiente também deve ser usado como parte das negociações econômicas entre os americanos e o mundo. Em setembro, Biden sinalizou que o Brasil seria um dos afetados com sanções econômicas devido à destruição amazônica, durante debate contra o republicano Donald Trump.
"Não tenho lembrança de uma sugestão similar, relacionada ao meio ambiente, como o que foi falado por Joe Biden", explica o professor de Relações Internacionais da FAAP Vinicius Rodrigues Vieira. "Fazer pressão com sanções é mais comum entre países europeus. Tanto foi que o Bolsonaro reagiu e disse que não aceitaria uma espécie de suborno".
Para o especialista, o governo brasileiro tem ajudado Biden a começar a nova política. "A China ocupou espaços deixados pelos Estados Unidos em questões de política externa, e tenta ocupar até mesmo na tecnologia ambiental, apesar das hipocrisias nas agendas dos dois países. Neste momento, o Brasil virou um alvo fácil devido às queimadas e destruição do meio ambiente", diz.
Biden pretende usar pauta ambiental para voltar a liderar o mundo. E o Brasil será pressionado.
Em entrevistas, Biden diz que defende mudanças contra o aquecimento global desde o início dos anos 1990, mas não é lembrado como um político aguerrido contra mudanças climáticas.
Apesar disso, Biden teria encontrado a "janela" perfeita para defender a bandeira ambiental. Primeiro, Trump tirou o país do Acordo de Paris e sinalizou para o mundo que os Estados Unidos não estavam preocupados com a urgência climática. O atual presidente defendeu a saída como uma maneira de criar mais fábricas e empregos no próprio país.
A movimentação feita por Trump deu oportunidade a Biden para uma campanha verde que enfraquece aliados do atual presidente norte-americano, como Jair Bolsonaro (sem partido), e cria laços mais fortes com potências econômicas como França e Alemanha, incisivas na preservação do meio ambiente.
Ao mesmo tempo, a pauta dá a Biden a chance de investir em tecnologia para restringir a influência política e econômica da China, conhecida pelos índices altos de poluição.
Por fim, segundo o professor Rodrigo, propostas sobre relações exteriores costumam render votos entre os americanos. Devido à destruição amazônica, o Brasil pode sair prejudicado, uma vez que Bolsonaro tem ao menos dois anos de mandato. "A pressão vai cair nas nossas costas", conclui.
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