AO DEIXAR BUTANTAN, EX-DIRETOR CRITICA GESTÃO E PARALISAÇÃO EM PRODUÇÃO DE VACINAS

Portal Plantão Brasil
7/6/2015 11:05

AO DEIXAR BUTANTAN, EX-DIRETOR CRITICA GESTÃO E PARALISAÇÃO EM PRODUÇÃO DE VACINAS

Segundo o pesquisador Isaías Raw, a instituição, em grave crise financeira, precisa de R$ 500 milhões para voltar a produzir; faltam recursos até para verbas rescisórias

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417 visitas - Fonte: Rede Brasil Atual

Em 2009, um rombo de quase R$ 100 mil; em 2010, o incêndio. Só em 2013 Alckmin entregou espaço para abrigar o que sobrou da coleção





Depois de 30 anos dedicados à pesquisa no Instituto Butantan e à gestão da Fundação Butantan, entidade privada criada para administrar a produção e as finanças da instituição vinculada à Secretaria Estadual de Saúde, o médico e bioquímico Isaías Raw comunicou esta semana que agora é para valer: está mesmo deixando a instituição.



"Eu não tenho mais força. Já tentei mesmo não tendo autorização. Na realidade, nem eu nem minha família aguentamos mais o clima estabelecido aqui. Sou um boneco de ventríloquo que, quando não serve mais, se guarda no armário. Já dei o que tinha de dar. Reuni muita gente de bem comigo aqui nesses 30 anos", disse Raw a auditório lotado de trabalhadores dos setores administrativos, de pesquisa e de produção, que se reuniram a pedido dele próprio na manhã da última terça-feira.



Controverso, o pesquisador paulistano de 88 anos, que antes de vir para o Butantan em 1985 foi professor da USP e trabalhou em institutos de pesquisa nos Estados Unidos e Israel, manteve seu costumeiro tom ácido. Falou sobre seu trabalho à frente da instituição, onde criou um centro de biotecnologia, falou da grave crise financeira e não poupou críticas à atual direção da Fundação, que estaria fazendo mau uso das verbas que administra.



“Saímos de um buraco negro, chegamos no auge e voltamos a um buraco mais profundo, muito difícil. Não há nem como demitir os funcionários de áreas que não estão funcionando. A gente não tem dinheiro nem para demitir. É doloroso", lamentou, referindo-se à atual situação da instituição, sobre a qual a direção evita falar.



O site oficial do Butantan dá a entender que há ali um amplo portfólio de itens em produção. E o próprio governador Geraldo Alckmin já chegou a afirmar diversas vezes, durante o auge do surto da dengue, que o Instituto já tem 50 mil doses da vacina – na verdade, ainda em fase de testes. No entanto, segundo Raw, não é bem assim. "Está sendo fabricada apenas a vacina da gripe. Eventualmente voltarão a ser feitos soros e não há ainda instalações para a produção da vacina da dengue em grande escala", disse.



Recompor o sistema de produção, que segundo ele foi desmontado para reformas exigidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), exigiria um investimento inicial de R$ 300 a 400 milhões. “A questão é de confiança. A máquina tem de produzir de novo".



A solução da crise que, conforme acredita, não é responsabilidade somente da administração do Butantan, não é simples. "Ninguém vai dar esse dinheiro. O estado não tem, o governo federal não quer porque tem a Fiocruz. E não temos nenhuma propriedade que pertença à Fundação que pudesse ser usada como garantia para empréstimo. E nem sei se alguém vai dar um empréstimo na conjuntura atual”, disse.



Os problemas administrativos na Fundação – que atingem em cheio o Instituto por ela administrado – começaram a aparecer no final de 2009, quando o Ministério Público encontrou desvios de recursos de pelo menos R$ 35 milhões – valor que pode ter passado de R$ 100 milhões.



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