472 visitas - Fonte: O Globo
MOSCOU — O presidente americano, Joe Bidenm conversou nesta terça-feira com o líder russo Vladimir Putin, no primeiro telefonema entre os dois desde a posse do novo chefe de Estado americano. No ponto mais importante da fala, eles se comprometeram com a extensão do Novo Start, o tratado que limita o número de armas nucleares nos dois países. O acordo expira no dia 5 de fevereiro, e agora deve ser válido por mais cinco anos.
“Os presidentes expressaram sua satisfação pela troca de notas diplomáticas revelada hoje (terça-feira) sobre um acordo para a extensão do Tratado sobre Armas Estratégicas Ofensivas (Novo Start)”, declarou a nota divulgada pelo Kremlin. O texto ainda afirma que “nos próximos dias” serão acertados os detalhes para o que o governo russo chamou de “importante mecanismo jurídico internacional para limitar mutuamente os arsenais nucleares”.
Na conversa, Putin ainda defendeu a normalização das relações entre EUA e Rússia, algo que, para ele, seria benéfica para os dois lados, contribuindo para a manutenção da “segurança e estabilidade” no mundo. O líder russo mencionou ainda a saída dos EUA do Tratado de Céus Abertos, um acordo mais amplo de monitoramento militar abandonado por Donald Trump, e sobre a situação dos EUA no acordo sobre o programa nuclear iraniano, igualmente deixado de lado pelo agora ex-presidente.
Por outro lado, Joe Biden foi um pouco menos amistoso. Na conversa, deixou clara sua preocupação com as acusações de que o Kremlin teria envenenado o líder opositor Alexey Navalni, preso há mais de uma semana em Moscou, logo depoiis de chegar da Alemanha, onde recebeu tratamento médico. Outro ponto sensível foi a declaração de Biden a favor da "soberania da Ucrânia". relacionado à interferência russa na guerra no Leste do país e à anexação da península da Crimeia, concretizada em 2014.
Segundo a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, a pauta incluiu ainda a repressão aos manifestantes que foram às ruas de mais de 100 cidades russas no domingo, quando mais de 3 mil pessoas foram presas, as acusações de que o Kremlin havia oferecido uma recompensa aos talibãs pela morte soldados americanos no Afeganistão e, por fim, as alegadas interferências de Moscou em eleições nos EUA e participação em ciberataques.
"O presidente Joe Biden deixou claro que os EUA agirão firmemente na defesa de seus interesses nacionais em resposta a ações da Rússia que prejudiquem nossos aliados", declarou comunicado da Casa Branca sobre a conversa.
Desde a campanha, Joe Biden sinaliza que pretende endurecer as relações com Moscou, colocando o país como uma das principais ameaças estratégicas aos EUA. Durante sabatina no Senado, na semana passada, o novo secretário de Estado, Anthony Blinken, afirmou que buscaria a extensão por cinco anos do Novo Start, mas também que aumentaria a pressão sobre as ações do governo russo, em especial relacionada aos direitos humanos no país. Ele chegou a citar a prisão do líder oposicionista Alexey Navalny, e questionou quais seriam os motivos para, segundo ele, “Putin ter tanto medo” de seu algoz.
Conversas
Também nesta terça, Biden conversou com o secretário-geral da Otan, a principal aliança militar do Ocidente, Jens Stoltenberg. Ali, sinalizou seu comprometimento com a aliança, revertendo a estratégia de Donald Trump de negligenciar o grupo, e voltou a citar a Rússia ao falar das ameaças à segurança coletiva.
Em pouco menos de uma semana no cargo, Biden também conversou com o premier britânico Boris Johnson, a chanceler alemã Angela Merkel, o premier canadense Justin Trudeau, o presidente francês Emmanuel Macron, além do presidente do México, Andrés Manuel Lopez Obrador, o primeiro (e único) líder da América Latina a conversar com o novo chefe de Estado americano depois da posse. Antes de assumir o cargo, ele havia conversado com lideranças regionais como os presidentes da Argentina, Alberto Fernández, e do Chile, Sebastián Piñera.
No caso do Brasil, Jair Bolsonaro, um dos últimos líderes no mundo a reconhecer a vitória de Biden, a comunicação se deu através de uma mensagem enviada em dezembro e uma carta divulgada logo depois da posse, na qual se dizia disposto a estreitar os laços e a promover um acordo de livre comércio. Na semana passada, contudo, a porta-voz, Jen Psaki, sinalizou que "não há data" para uma conversa entre Biden e Bolsonaro.
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