Após vencer a covid-19, China prepara agenda econômica para os próximos 5 anos

Portal Plantão Brasil
4/3/2021 09:07

Após vencer a covid-19, China prepara agenda econômica para os próximos 5 anos

0 0 0 0

831 visitas - Fonte: O Globo

PEQUIM — O evento mais importante do calendário político da China é movido este ano por duas mensagens centrais: o triunfo sobre a Covid-19 e a meta de tornar o país menos dependente do exterior. A chegada de cinco mil delegados de todo o país a Pequim para as sessões anuais do Parlamento e do Conselho Consultivo, ainda que sob rígidas medidas de controle, demonstra a confiança do governo no controle do vírus. O foco principal será o 14º plano quinquenal, que abre uma janela para as prioridades da China nos próximos anos.







No clima de rivalidade com os Estados Unidos e crescente ameaça de protecionismo no comércio mundial, as diretrizes apontadas pelo Congresso Nacional do Povo (CNP), o Legislativo chinês, ganham dimensão geopolítica, com potencial impacto na economia mundial. Além disso, o evento este ano é revestido de importância especial por ser o prelúdio da celebração dos cem anos de fundação do Partido Comunista Chinês, em julho. Conhecido informalmente como “duas sessões”, o evento começa nesta quinta em Pequim com a abertura do órgão consultivo, seguido pela sessão inaugural do CNP, na manhã de sexta-feira (noite de quinta no Brasil).



Pelo segundo ano consecutivo, o Parlamento deve romper a tradição de anunciar uma meta de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2021. Única grande economia a registrar expansão do PIB em 2020 (2,3%), a China volta-se para uma estratégia econômica cautelosa, mas nem por isso menos ambiciosa. A ênfase é no consumo doméstico, na busca da autossuficiência e no investimento em inovação tecnológica. São objetivos já apontados nos últimos anos, com o propósito de reduzir a dependência do comércio exterior, mas que ganharam força devido às incertezas provocadas pela pandemia e pela intensificação da competição estratégica com os EUA.







Preocupação ambiental



Segundo a agência de notícias estatal Xinhua, o 14º plano quinquenal 2021-2026 irá esclarecer como o país pretende implementar a chamada “estratégia de circulação dual”, que tem sido repetida como mantra no país desde que foi mencionada pelo presidente Xi Jinping, no ano passado, com poucos detalhes além da necessidade de reforçar o consumo interno. Diante dos temores de que a China estaria se preparando para reduzir os canais econômicos com o mundo, a agência estatal diz que “estimular a demanda doméstica é crucial para o crescimento da China, mas que o novo paradigma de desenvolvimento não recuará em sua abertura”.



Com o crescimento “qualitativo” no centro da pauta, o NPC também deve salientar a preocupação do Partido Comunista com a proteção ambiental, e esperam-se mais detalhes de como será obtida a meta estabelecida por Xi Jinping de alcançar a neutralidade nas emissões de carbono até 2060. Apesar da projeção de crescimento econômico bem acima da média mundial para 2021, a China se prepara para mais um ano de incertezas.



— A situação do comércio exterior da China permanece sombria e complexa. Do ponto de vista da demanda, obviamente ainda há incertezas sobre a pandemia — disse na semana passada em entrevista coletiva o ministro do Comércio, Wang Wentao.



No ano em que celebra seu centenário, porém, o Partido Comunista Chinês terá nas sessões do maior Legislativo do mundo, com três mil delegados, uma plataforma para projetar sua autoconfiança, após o sucesso em controlar a pandemia em seu território com rígidas medidas e a produção de quatro diferentes vacinas contra a Covid-19.







Aumentar a renda



Além disso, o país declarou ter alcançado a meta estabelecida por Xi Jinping de erradicar a pobreza extrema até o fim de 2020. Além dos benefícios sociais, a meta se encaixa na estratégia de “circulação dual”: para aumentar a demanda interna, é preciso aumentar a renda da população. Consolidado como o líder chinês com mais poderes desde Mao Tsé-tung, Xi disse em janeiro que “o mundo vive uma turbulência sem precedentes no último século”, mas que “o tempo e o ímpeto estão do nosso lado”.



Entretanto, é também um tempo em que a China enfrenta crescente pressão externa, liderada pelos EUA, em temas como o autoritarismo doméstico, a intervenção em Hong Kong, a postura agressiva contra Taiwan e as acusações de violações de direitos humanos na província de Xinjiang, no extremo Oeste do país. Autoridades chinesas indicaram que o Legislativo deve aprovar regras eleitorais que neutralizem a oposição em Hong Kong e garantam que só “patriotas” possam participar do governo da ex-colônia britânica. Há também a expectativa de que o CNP aumente a pressão contra Taiwan, que Pequim considera uma “província rebelde”, com uma lei de reunificação da ilha ao continente.



Sob a pressão demográfica de uma população envelhecendo mais rapidamente do que o crescimento da força de trabalho, especula-se que poderia ser flexibilizado ou até abolido o controle de natalidade, que por décadas implementou medidas draconianas como esterilizações e abortos forçados. A política do filho único foi afrouxada em 2016 para permitir que casais tenham dois filhos, mas a medida não surtiu o efeito desejado, e o crescimento populacional continua aquém do desejado.







Segurança reforçada



Como de hábito neste período das sessões anuais do Legislativo, a segurança foi reforçada em Pequim, principalmente nos aeroportos e no sistema de metrô, com o acréscimo este ano das medidas de contenção do coronavírus. Festas e outros eventos com grande número de pessoas foram proibidos.



O número de jornalistas autorizados a cobrir as sessões foi limitado, e só aqueles residentes em Pequim puderam se credenciar. Todos os que comparecerem, incluindo os diplomatas estrangeiros, serão submetidos a testes e terão que ficar isolados num hotel na véspera. Geralmente com duração de duas semanas, o evento foi reduzido pela metade, e a maioria das sessões será por videoconferência.



APOIE O PLANTÃO BRASIL - Clique aqui!

Se você quer ajudar na luta contra Bolsonaro e a direita fascista, inscreva-se no canal do Plantão Brasil no YouTube.



O Plantão Brasil é um site independente. Se você quer ajudar na luta contra o golpismo e por um Brasil melhor, compartilhe com seus amigos e em grupos de Facebook e WhatsApp. Quanto mais gente tiver acesso às informações, menos poder terá a manipulação da mídia golpista.


Últimas notícias

Notícias do Flamengo Notícias do Corinthians