Na despedida do cargo, Eduardo Bolsonaro agradece príncipe acusado de assassinato e governos autoritários

Portal Plantão Brasil
12/3/2021 14:37

Na despedida do cargo, Eduardo Bolsonaro agradece príncipe acusado de assassinato e governos autoritários

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BRASÍLIA

Em seu discurso de despedida da presidência da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) agradeceu nominalmente ao príncipe saudita Mohammed bin Salman, acusado de assassinar e mutilar o jornalista Jamal Khashoggi, crítico de seu regime.







O filho do presidente Jair Bolsonaro também agradeceu ao premiê da Hungria, Viktor Orbán, de ultradireita e que vem atuando contra a oposição e a imprensa local. O filho 03 disse que o país é "referência".



A Comissão de Relações Exteriores da Câmara elegeu na manhã desta sexta-feira (12) Aécio Neves (PSDB-MG) para a presidência do órgão em 2021, com 25 votos a favor e seis contrários.



Aécio substituirá o filho de Bolsonaro, que esteve por dois mandatos à frente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional —não houve troca em 2020 devido à pandemia.



Num discurso em que defendeu suas ações e as do governo, Eduardo destacou anúncio de 2019, durante visita do presidente à Arábia Saudita, de que o fundo público do país árabe investiria US$ 10 bilhões (R$ 55,7 bilhões) no Brasil. "Exemplo objetivo deste trabalho é o acordo com o fundo de investimento público saudita para explorar oportunidades no Brasil, com investimentos mutuamente benéficos em até US$ 10 bilhões. Obrigado, príncipe Mohammad bin Salman", disse o deputado.







MbS, sigla pela qual o príncipe é conhecido, é acusado de ser o mandante do assassinato de Jamal Khashoggi, colunista do jornal The Washington Post. Ele foi morto dentro do consulado saudita em Istambul, em outubro de 2018. Relatório divulgado neste ano pela inteligência dos Estados Unidos responsabilizou o príncipe pela morte do jornalista.



Eduardo Bolsonaro também exaltou a sua proximidade com Israel, que ele afirma terem sido duramente abaladas durante o governo da presidente Dilma Rousseff, que recusou as credenciais do embaixador israelense designado para atuar no Brasil.



O deputado federal também agradeceu ao primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, duramente criticado na Europa por suas investidas contra a imprensa livre e contra a oposição em seu país.



"E também agradeço a deferência do chanceler da Hungria, Péter Szijjártó, e também o premiê Viktor Orbán que tão bem me receberam em minha visita pela Hungria, país que pra mim é referência em várias áreas".







O parlamentar afirmou, novamente misturando as ações da comissão com a do governo, que houve uma ruptura com uma diplomacia permeada por "atrasos". E disse que o Brasil é tratado como um "pária" internacional, mas que vem recebendo investimentos estrangeiros em nível elevado.



"Já naquela oportunidade experimentamos mudanças que hoje se vêem consolidadas. A nossa política externa rompeu com vícios e atrasos e hoje prioriza os verdadeiros interesses nacionais. Os resultados são tangíveis apesar da campanha sórdida levada a cabo especialmente no exterior, não contra esse governo, mas contra o país".



"Sim, a imagem do Brasil lá fora tem sido objeto de uma ofensiva perpetrada daqueles que se autoproclamam democráticos, mas que não aceitam a vontade expressada nas urnas em 2018 por quase 60 milhões de brasileiros", continuou Eduardo.



"Nessa esteira, nosso país inaugurou um novo ciclo da sua política externa, comprometido com o pragmatismo, o fim da barreiras ideológicas e a busca pela diplomacia de resultados concretos. Inegavelmente o Brasil precisou consertar a bússola que nos guiava em prol de um projeto modernizador e pragmático de inserção internacional como país autônomo e independente no concerto de nações e dos grandes atores internacionais", completou.







Aécio, por sua vez, sinalizou que vai atuar em uma direção contrária à de Eduardo Bolsonaro. Em seu discurso, exaltou a defesa do multilateralismo, dos direitos humanos e do meio ambiente, temas frequentemente sob ataque bolsonarista.



"A política externa brasileira deve ter como foco o multilateralismo, nosso relacionamento internacional há de ser amplo, universal, sem exclusões ou alinhamentos automáticos. O Brasil precisa, acredito eu, amplificar sua atuação em grandes temas globais e se inserir em debates mais amplos nos quais nossa contribuição como pais é relevante, especialmente em assuntos relacionados aos direitos humanos, ao meio ambiente, a cooperação no combate internacional de pessoas, armas e drogas".



Aécio disse ainda que "é preciso enfatizar nesse instante o necessário e urgente enfrentamento à pandemia, que tem assolado o mundo e, de uma maneira especial, o Brasil".



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