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O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), está no centro de mais um escândalo envolvendo apadrinhamento político e desvio de função no Legislativo. Três mulheres com vínculos diretos com aliados e familiares do deputado ocupavam cargos no gabinete dele, mesmo exercendo atividades incompatíveis ou acumulando funções proibidas. Após ser confrontado, Motta demitiu duas delas, numa tentativa frustrada de conter o estrago.
As servidoras ocupavam cargos de secretária parlamentar com jornada de 40 horas semanais e salário fixo, além de auxílios. No entanto, uma delas é fisioterapeuta em clínicas privadas de Brasília, outra estuda medicina em regime integral na Paraíba e a terceira trabalha como assistente social na prefeitura de João Pessoa, também na Paraíba — o que viola as regras da própria Câmara, que proíbe acúmulo de funções públicas.
As irregularidades foram expostas após uma investigação que cruzou dados de redes sociais, processos judiciais, registros públicos e até acompanhamento presencial da rotina das envolvidas. Apesar da gravidade, o gabinete do deputado se recusou a fornecer os registros de ponto ou explicar o que exatamente as funcionárias faziam. Motta apenas declarou que "cumpre rigorosamente as normas".
O caso mais emblemático é o de Gabriela Pagidis, filha da ex-chefe de gabinete de Motta. Desde 2017, ela recebia salários da Câmara mesmo sendo aluna da UnB em tempo integral e, posteriormente, exercendo a profissão de fisioterapeuta em tempo integral. Já Louise Lacerda, filha de um ex-vereador do Republicanos, estudava medicina em tempo integral desde 2020, inclusive morando fora de Brasília por um período. A terceira, Monique Magno, exerce até hoje cargo na prefeitura de João Pessoa, com folha de ponto registrada e salário público local.
Além dessas, Motta também emprega a ex-sogra de seu pai, Maria do Carmo Brito, que acumula o salário da Câmara com aposentadoria do estado e ainda mentiu, em ação judicial de 2021, que não tinha qualquer ocupação profissional. A prática do deputado — herdeiro político de um clã familiar do interior da Paraíba — revela a continuidade do fisiologismo bolsonarista dentro do Congresso, com uso descarado da máquina pública em benefício de parentes e aliados.
Essas nomeações suspeitas e a forma desleixada como Motta tenta justificar a farra dos cargos reforçam a necessidade urgente de uma reforma profunda nos critérios de contratação da Câmara. O caso ilustra como a velha política ainda resiste nos porões do Congresso, mesmo com um governo federal empenhado em reconstruir o país com ética, seriedade e transparência.
Com informações da Folha de São Paulo
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