14/10/2025 17:17

Cidades minúsculas e cachês gigantes fazem a farra das “emendas Pix” em Minas Gerais

5166 visitas - Fonte: PlantãoBrasil

A pequena Pirapetinga, na Zona da Mata mineira, tem pouco mais de 11 mil habitantes, mas virou palco de grandes shows sertanejos entre 2023 e 2024. Matheus & Kauan e João Neto & Frederico estão entre as atrações que custaram, juntas, R$ 2,1 milhões, pagos com as chamadas “emendas Pix” — repasses parlamentares de uso livre, criados no governo Bolsonaro e amplamente utilizados por deputados estaduais e federais.



Em vídeo divulgado em maio, o prefeito Luiz Henrique (PL) agradeceu o repasse de R$ 600 mil do deputado Bruno Farias (Avante-MG), dizendo que “saúde é prioridade, mas tem outras coisas também”. As “outras coisas”, no caso, foram os shows bancados com dinheiro público.



Um levantamento do Estado de Minas mostra que 223 transferências semelhantes foram realizadas desde 2023, totalizando R$ 29 milhões em gastos com eventos musicais. O número de repasses disparou em 2024, ano eleitoral, com 153 novas transferências — uma prática que, embora não ilegal, cria vantagens políticas e distorce o propósito das emendas, que deveriam priorizar áreas essenciais como saúde e educação.



A farra das emendas não ficou restrita a Pirapetinga. Vespasiano, na região metropolitana de Belo Horizonte, destinou R$ 2,6 milhões a 13 apresentações, incluindo César Menotti & Fabiano, Barões da Pisadinha e Padre Fábio de Melo. Outras cidades como Ituiutaba, Gurinhatã, Itambacuri e Nanuque também torraram cifras milionárias. Em Itambacuri, o prefeito Jovani Santos (Avante) pagou R$ 340 mil a Amado Batista em 2023 — e venceu as eleições quatro meses depois com 67% dos votos.



Do outro lado do palco, artistas conhecidos lucraram alto com as emendas. Leonardo lidera a lista com R$ 1,8 milhão em cachês. César Menotti & Fabiano receberam R$ 1,05 milhão, e Jorge & Mateus embolsaram R$ 650 mil em uma única apresentação. Outros nomes como Guilherme Silva, Matheus & Kauan e Clayton & Romário também aparecem no levantamento.



Com a falta de transparência das emendas Pix — que não exigem identificação do parlamentar responsável —, prefeitos e deputados seguem transformando o dinheiro público em espetáculo político, com música, fogos e aplausos pagos pelo contribuinte.



Com informações da Fórum



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