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O líder do Partido dos Trabalhadores (PT) na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), subiu à tribuna nesta terça-feira (9) para declarar o que muitos já suspeitavam: o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), "está perdendo as condições de continuar" no cargo. A contundente fala reflete o agravamento da crise política e a crescente insatisfação com a condução legislativa que, para o PT, tem favorecido o bolsonarismo e suas pautas.
A principal acusação do líder petista é gravíssima: Motta pode responder por crime de responsabilidade ao se recusar a decretar a perda imediata do mandato do deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Ao decidir submeter a cassação de um golpista condenado ao voto do plenário, Motta desrespeita uma determinação clara do ministro Alexandre de Moraes e demonstra uma cumplicidade inaceitável com os inimigos da democracia.
Lindbergh também criticou a forma como a pauta da Câmara tem sido manipulada. O petista condenou a inclusão, no dia de hoje, do Projeto de Lei que visa reduzir as penas dos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro, uma medida vista como um presente à extrema-direita. Essa prioridade questionável ocorre enquanto temas cruciais para o país são deixados de lado.
A irritação do PT se estendeu ao tratamento dado à oposição. Lindbergh repudiou a ação da Polícia Legislativa que retirou à força o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) da cadeira da presidência, onde protestava. O líder do PT comparou o ato autoritário com a total leniência demonstrada por Motta em agosto, quando parlamentares bolsonaristas ocuparam o mesmo assento sem sofrer qualquer punição, expondo um escandaloso tratamento de dois pesos e duas medidas.
As manifestações de Lindbergh aprofundam o rompimento político com Motta, que ocorreu em novembro após divergências sobre projetos de combate a facções criminosas. A postura de Motta em blindar um condenado pelo STF e a forma autoritária como tem conduzido os trabalhos colocam em xeque sua neutralidade, evidenciando uma aliança crescente com o bolsonarismo na Casa.
Em resposta às manifestações no plenário, Hugo Motta utilizou as redes sociais para se defender, alegando que atua para "proteger a democracia do grito, do gesto autoritário e da intimidação travestida de ato político". No entanto, para o PT, as atitudes do presidente da Câmara – de censurar a oposição e ignorar decisões do Supremo – provam exatamente o contrário: que ele está minando a ordem democrática em favor de seus aliados.
Assista ao vídeo:
Com esse episódio de hoje, Hugo Motta está perdendo as condições de ser presidente da Câmara. Ao tentar votar esse projeto de Anistia, Hugo está definitivamente enterrando qualquer história vinculada à democracia. SEM ANISTIA! pic.twitter.com/WVapTIa6KA
— Lindbergh Farias (@lindberghfarias) December 9, 2025