DILMA E SUA SOLIDÃO, APROVEITADORES COMEMORAM

Portal Plantão Brasil
7/5/2015 14:46

DILMA E SUA SOLIDÃO, APROVEITADORES COMEMORAM

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Do Valor Econômico



Solidão de Dilma torna-se evidente



Por Raymundo Costa



O panelaço, a falta de apoio do PT e o desinteresse do PMDB expuseram de maneira dramática o isolamento da presidente da República, a cada dia mais sujeita às oscilações de humor da dupla que comanda as duas Casas do Congresso. Dilma amanheceu um pouco menor na quarta-feira, sem ao menos quatro vagas que poderia preencher no Supremo Tribunal Federal (STF), se a Câmara não tivesse votado e aprovado a PEC da Bengala. O vazio de poder deve estimular o Legislativo a voos ainda mais altos e desencadear uma verdadeira operação-desmonte dos governos do PT. O regime de partilha para a exploração da camada pré-sal, por exemplo.



O vice-presidente Michel Temer deu o sinal de que havia algo de errado na reunião da manhã de segunda-feira da coordenação política, quando advertiu os aliados de que o PT precisava vestir a camisa do ajuste, se quisesse o apoio do PMDB para votar as medidas fiscais do governo. Era preciso que o PT fechasse questão em favor das medidas, o que deixaria implícita a punição dos infiéis, para animar os aliados, e não só os pemedebistas, a votar as propostas do ministro Joaquim Levy (Fazenda) para acertar as contas públicas. Mas o PT vacilou e deu o pretexto para o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, adiar a votação do ajuste e cuidar da própria pauta. Cunha já estava irritado com a volta de seu nome à trama da Lava-Jato, o que atribui, pelo menos em parte a manobras de bastidor dos ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e José Eduardo Cardoso (Justiça).



Pretexto era o que precisava o PMDB, que, a rigor, não tem interesse numa eventual recuperação da popularidade da presidente Dilma. Interessa ao partido uma presidente frágil da qual possa arrancar concessões. O PMDB não deixa sangrar, como faz o PSDB. O PMDB sangra. Nisso é ajudado pela divisão do PT, cujos deputados hoje já estão mais preocupados em escrever suas biografias eleitorais do que com a sorte do governo.



A vacilação do PT mostrou que Dilma está só. O presidente do partido, Rui Falcão, pediu o fechamento da questão e não foi atendido pela bancada de deputados. A surpresa é Lula: o ex-presidente e fiador do governo Dilma deixou vestígios de pouco empenho para influenciar a decisão do PT.



No regime presidencialista, quem organiza o debate é o presidente da República. Ou a presidenta, como Dilma fazia questão de ser chamada na aurora de um governo que os tempos não trazem mais. O que se viu na noite de terça-feira foi a desordem provocada pelo vazio de poder: o PT tentando fingir que não é governo, o presidente do Senado, Renan Calheiros, escrevendo uma carta para o vice-presidente da República, Michel Temer, sobre as funções institucionais de cada um, e o presidente da Câmara - num gesto premeditado - mudando a pauta de votação a seu bel prazer. Saiu o ajuste, entrou a PEC da Bengala. O ministro Edinho Silva (Comunicação de Governo) sorriu amarelo e disse que o Executivo não perdeu nada. Poderia ao menos lembrar, como fez o senador José Serra, que a bengalada ajuda a economizar uns cobres do combalido Tesouro Nacional.



Pior do que a decisão do PT de não fechar questão em favor do ajuste foi o programa partidário, exibido durante a sessão da Câmara convocada para votar as medidas. O plenário acompanhou grudado nos celulares o panelaço que tomou as ruas do país. O PT novamente fez um discurso dúbio sobre o ajuste. O desempenho de Lula no programa que não teve a participação de Dilma também atrapalhou mais que ajudou.



O ex-presidente jogou no acirramento dos ânimos, sobretudo quando investiu contra o projeto da terceirização, filho predileto do presidente da Câmara e um dos principais itens da agenda legislativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Há mais relação entre a aprovação do projeto da terceirização e a votação do ajuste do que deixam transparecer os líderes pemedebistas. Lula pressiona pelo veto de Dilma; o PMDB quer a sanção do projeto. O PT tirou Dilma do programa partidário; o programa botou Lula no meio de uma confusão onde a presidente levava sozinha as paneladas.



Sem apoio, Dilma corre o risco de se transformar num zumbi sem rumo na Praça dos Três Poderes. A votação da PEC da Bengala, que ampliou de 70 para 75 anos a idade para a aposentadoria compulsória dos ministros dos tribunais superiores, não deixa de ser um gesto de Eduardo Cunha para o presidente do Senado, onde aguarda votação o projeto da terceirização amaldiçoado por Lula, as centrais sindicais e o PT. Encarregado há um mês da coordenação política do governo, o vice Michel Temer já tem até a explicação para novas derrotas no Congresso: as nomeações negociadas pelo vice não saíram. Até agora.



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