JUCA KFOURI: PANELAÇO REFLETE 'ÓDIO DA ELITE BRANCA'

Portal Plantão Brasil
9/3/2015 19:37

JUCA KFOURI: PANELAÇO REFLETE 'ÓDIO DA ELITE BRANCA'

"O panelaço nas varandas gourmet de ontem não foi contra a corrupção", diz o jornalista Juca Kfouri; "Foi contra o incômodo que a elite branca sente ao disputar espaço com esta gente diferenciada que anda frequentando aeroportos, congestionando o trânsit

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1146 visitas - Fonte: Brasil 247

247 - O jornalista Juca Kfouri definiu o panelaço de ontem como a expressão de ódio da chamada 'elite branca'. Leia abaixo:



O panelaço da barriga cheia e do ódio



Por Juca Kfouri

Nós, brasileiros, somos capazes de sonegar meio trilhão de reais de Imposto de Renda só no ano passado.



Como somos capazes de vender e comprar DVDs piratas, cuspir no chão, desrespeitar o sinal vermelho, andar pelo acostamento e, ainda por cima, votar no Collor, no Maluf, no Newtão Cardoso, na Roseana, no Marconi Perillo ou no Palocci.



O panelaço nas varandas gourmet de ontem não foi contra a corrupção.



Foi contra o incômodo que a elite branca sente ao disputar espaço com esta gente diferenciada que anda frequentando aeroportos, congestionando o trânsito e disputando vaga na universidade.



Elite branca que não se assume como tal, embora seja elite e branca.



Como eu sou.



Elite branca, termo criado pelo conservador Cláudio Lembo, que dela faz parte, não nega, mas enxerga.



Como Luís Carlos Bresser Pereira, fundador do PSDB e ex-ministro de FHC, que disse:



“Um fenômeno novo na realidade brasileira é o ódio político, o espírito golpista dos ricos contra os pobres.



O pacto nacional popular articulado pelo PT desmoronou no governo Dilma e a burguesia voltou a se unificar.



Surgiu um fenômeno nunca visto antes no Brasil, um ódio coletivo da classe alta, dos ricos, a um partido e a um presidente.



Não é preocupação ou medo. É ódio.



Decorre do fato de se ter, pela primeira vez, um governo de centro-esquerda que se conservou de esquerda, que fez compromissos, mas não se entregou.



Continuou defendendo os pobres contra os ricos.



O governo revelou uma preferência forte e clara pelos trabalhadores e pelos pobres.



Nos dois últimos anos da Dilma, a luta de classes voltou com força.



Não por parte dos trabalhadores, mas por parte da burguesia insatisfeita.



Quando os liberais e os ricos perderam a eleição não aceitaram isso e, antidemocraticamente, continuaram de armas em punho.



E de repente, voltávamos ao udenismo e ao golpismo.”



Nada diferente do que pensa o empresário também tucano Ricardo Semler, que ri quando lhe dizem que os escândalos do mensalão e da Petrobras demonstram que jamais se roubou tanto no país.



“Santa hipocrisia”, disse ele. “Já se roubou muito mais, apenas não era publicado, não ia parar nas redes sociais”.



Sejamos francos: tão legítimo como protestar contra o governo é a falta de senso do ridículo de quem bate panelas de barriga cheia, mesmo sob o risco de riscar as de teflon, como bem observou o jornalista Leonardo Sakamoto.



Ou a falta de educação, ao chamar uma mulher de “vaca” em quaisquer dias do ano ou no Dia Internacional da Mulher, repetindo a cafajestagem do jogo de abertura da Copa do Mundo.



Aliás, como bem lembrou o artista plástico Fábio Tremonte: “Nem todo mundo que mora em bairro rico participou do panelaço. Muitos não sabiam onde ficava a cozinha”.



Já na zona leste, em São Paulo, não houve panelaço, nem se ouviu o pronunciamento da presidenta, porque faltava luz na região, como tem faltado água, graças aos bom serviços da Eletropaulo e da Sabesp.



Dilma Rousseff, gostemos ou não, foi democraticamente eleita em outubro passado.



Que as vozes de Bresser Pereira e Semler prevaleçam sobre as dos Bolsonaros é o mínimo que se pode esperar de quem queira, verdadeiramente, um país mais justo e fraterno.



E sem corrupção, é claro!



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