MERCADANTE: UM MINISTRO PLACEBO CONTRA O PT. FORA AS INTRIGAS QUE ELE PROPORCIONA E RESVALAM EM DILMA

Portal Plantão Brasil
12/6/2015 14:05

MERCADANTE: UM MINISTRO PLACEBO CONTRA O PT. FORA AS INTRIGAS QUE ELE PROPORCIONA E RESVALAM EM DILMA

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Por Tereza Cruvinel



Aproveitando o pretexto criado pelo que o ex-ministro Moreira Franco chamou de "hostilidades palacianas contra o vice-presidente Michel Temer", aquela ala do PMDB que rejeita a coalizão realizou o maior desejo dos adversários do PT: arrastar o ex-presidente Lula para a arena dos escândalos tentando sangrar por antecipação sua candidatura a presidente em 2018. Foi o que se deu com a aprovação, pela CPI da Petrobrás, presidida pelo peemedebista Hugo Mota, com a convocação do presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto, para prestar esclarecimentos sobre as doações da construtora Camargo Correia à instituição.



Para os adversários do lulopetismo, esta foi uma notícia para ser degustada com caviar e champanhe. O aperitivo já fora dado pelo Ministério Público com o pedido de explicações sobre viagens e palestras feitas pelo ex-presidente desde que deixou o Planalto.



Okamoto deu a resposta óbvia: a convocação foi parte da luta política. Poderia dizer das lutas políticas. Uma, a da oposição contra Lula e o PT. Outra, a luta interna entre peemedebistas e petistas sobre a coalização que mantêm desde 2006 e seu futuro.



Tiro no pé – O vice-presidente Michel Temer não gostou, é claro, da proposta do ministro Aloizio Mercadante, de que fosse nomeado um ministro para a SRI (Secretaria de Relações Institucionais), ficando ele, Temer, apenas com a "grande política". A isso Moreira chamou de "hostilidades palacianas". Afinal, Michel assumiu a coordenação política a pedido de Dilma, contrariando segmentos do PMDB e até dificuldades para acumular a tarefa com seu posto, numa hora de extrema desarticulação da base governista. O governo sofria, naquele início de abril, em que Eduardo Cunha tratava de afirmar seu poder na Câmara, pelo menos uma derrota por semana. Poucos dias antes, Cunha havia dito num jantar com sua base. "O PT só ganha quando a gente fica com dó".



Depois que Michel assumiu a coordenação política, tratou de colocar ordem no terreiro governista. Exigiu autonomia e instrumentos, enquadrou os rebeldes, deu início às nomeações do segundo escalão e o governo começou a ganhar no plenário, aprovando, mesmo com concessões, o que é sempre inevitável, as medidas do ajuste fiscal. Mas uma muito importante, a redução da desoneração das empresas com a folha de pagamento.



E assim seguia a procissão quando Mercadante fez sua proposta, que depois até confirmou em nota. Ele entendia que SRI precisava ter um titular para cuidar de questões mais burocráticas, como nomeações. Ora veja, justo da fruta cobiçada. Emendou depois que tal titular não precisava ser petista, podia ser o ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, mas este até já havia recusado o posto, e por isso Dilma recorreu a Temer. É natural que o PMDB, pela voz de Moreira, tenha visto nisso uma "hostilidade". E daí veio a reação, o que permite dizer que a jogada de Mercadante foi um tiro no pé.



Na lateral – Moreira Franco foi uma das quatro pessoas que primeiramente conversaram sobre a coalização PT-PMDB nos idos de 2006, quando o governo sangrava sob o efeitos do mensalão. Os outros três foram Temer, Nelson Jobim e o então ministro da Justiça, Tarso Genro. Por isso mesmo Moreira reagiu às declarações de Tarso, de que faltava ao PMDB "coerência programática" para ser o principal aliado do PT no governo.



– Pode-se dizer o que quiser do PMDB mas coerência nunca nos faltou. Derrubamos a ditadura sem dar um tiro, apoiamos a estabilização monetária de Fernando Henrique, apoiamos as reformas de Lula e seus programas sociais, apoiamos o governo Lula desde o final do primeiro mandato. E agora, no segundo governo Dilma, continuamos apoiando as medidas fiscais que são dolorosas mas necessárias. E quase temos que pedir para ajudar. O tratamento que nos dispensam é o de quem não está precisando de ajuda" – disse Moreira em conversa com esta coluna. Naquele tempo, acrescentou, Tarso não achava que o PMDB carecia de coerência.



Na medida em que Moreira tornou pública a insatisfação com a "hostilidade", através da coluna de Bernardo Mello Franco na Folha de S. Paulo, os "radicais" do PMDB foram à luta. Entenderam que Mercadante não teria agido sem a autorização de Dilma. A partir de hoje, com seu retorno da Bélgica e da passadinha em Salvador, onde deve ter tido pelo menos um cochicho com Lula (sempre empenhado na pacificação da relação com o PMDB), deve reiterar seu apoio a Temer. "Ela sempre me prestigia", disse o vice recentemente.



Mas antes que o incidente fosse superado lá na esfera palaciana, na Câmara os exaltados do PMDB reagiram. Numa sessão tensa nesta quinta-feira, 11, as trincheiras que os petistas montaram para evitar a votação finalmente cederam e foi aprovada a convocação de Okamoto, num pacote de 120 requerimentos, que incluíram também a quebra (desnecessária por tantas vezes já terem sido abertos) dos sigilos bancário e fiscal de José Dirceu. O relator petista na CPI, Luiz Sérgio, apontou a malícia do jogo: a convocação foi aprovada no dia em que o PT abria seu V Congresso em Salvador, criando mais um constrangimento para o encontro, afora as hostilidades dos neofascistas provocadores e as críticas da ultraesquerda partidária ao ministro Levy.



Detalhe: o presidente peemedebista da CPI, Hugo Mota, estava ausente e o comando da votação entregue ao vice-presidente, o tucano Antônio Imbassahy. O peemedebista abriu a porteira e a oposição entrou. Disso, o próprio Temer reclamou com seu partido.



Além dos R$ 3 milhões doados institucionalmente pela Camargo Correa ao Instituto Lula, os parlamentares querem que Okamoto explique o pagamento de R$ 1,5 milhão à empresa de palestras criada por Lula, a L.I.L.S. Palestras Eventos e Publicidade. A mesma Camargo Correa doou ao Instituto Fernando Henrique e fez doações para quase todos os partidos. Para os outros é natural, para Lula e o PT são doações e contratos suspeitos. Não adianta apontar a discrepância nestes pesos e medidas no ambiente envenenado em que vivemos. O fato é que a oposição está conseguindo seu grande intento, o de atirar diretamente no peito de Lula. No mensalão houve a eliminação política de dirigentes como Dirceu e Genoíno. Com o Petrolão, veio a campanha contra o próprio partido e a palavra de ordem "Fora PT". E agora, o tiro em Lula.



Uma das moções que serão votadas no Congresso do PT prega "uma nova política de alianças". Pergunto a Moreira se seu partido se sente alvo dela. Ela desconversa, diz que, por ora, não está em discussão a ruptura da coalizão. Nem estará, enquanto o PMDB tiver o vice e sete ministérios. Mas embora a coalizão esteja rota e esfarrapada, nos próximos três anos e meio é com ela que o PT e Dilma terão que se haver para governar. Por isso, devem todos os petistas pensar duas vezes antes de ações como a de Mercadante, que foi mesmo um tiro no pé. Imagine o que não anda dizendo Lula, muito crítico do estilo do ministro-chefe da Casa Civil.



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