Um caso-estudo sobre a máquina de difamação contra Dilma na internet. Por Paulo Nogueira

Portal Plantão Brasil
9/2/2016 11:22

Um caso-estudo sobre a máquina de difamação contra Dilma na internet. Por Paulo Nogueira

Como denúncias não confirmadas ganham ares de realidade provada

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2557 visitas - Fonte: Diário do Centro do Mu

O leitor indefeso – o analfabeto político — não se dá conta. Mas existe uma estratégia pela qual informações precárias, não confirmadas e não apuradas se transformam ardilosamente em instrumentos de propaganda contra o governo.



Um exemplo notável é um meme criado pelo Movimento Brasil Livre, um dos grupos que advogam pelo impeachment.



Nele, você vê a imagem de Dilma, e o título “Assombrador!” O que assombrava, no meme do MBL, era o fato de Dilma haver vinculado a liberação de verbas de uma escola em Belo Horizonte a votos contra o impeachment.



Seria assombroso – se fosse verdade.



Fui fazer a anatomia dessa denúncia. No Google, descobri que quem lançou a acusação foi o vice-prefeito de BH. Dilma, cuja foto ilustra o meme, não foi citada. Ele falou em Mercadante.



Mas era Dilma, em pessoa, o alvo do ataque.



A denúncia não voou, mesmo numa imprensa ávida por atacar Dilma. Logo depois, o prefeito de Belo Horizonte desmentiu-a com ênfase. Fora ele que conversara com Mercadante. Era ele, portanto, que poderia confirmar ou não a chantagem anunciada pelo MBL.



Ele disse, essencialmente, que seu vice falou coisas que nada tinham a ver. Inventou coisas, ou misturou, ou entendeu errado – sabe-se lá.



Mas o fato é que a denúncia foi objeto de retratação oficial.



Esperar que o MBL apresentasse o desmentido seria demais.



Mas e a Veja? Você dá um google com as palavras chaves e o primeiro link que aparece é o da Veja. Muito provavelmente foi lá que o MBL se baseou para produzir seu meme rapidamente morto.



Claro que a Veja nada deu, e também aí não há surpresa. A Veja publica acusações, frequentemente sem nexo, e jamais desmentidos, quando se trata de Dilma, ou Lula, ou o PT.



Mas então entra um novo elemento na propagação do memê: jornalistas que, supostamente, são confiáveis.



É o caso do diretor da Globo Erick Bretas. Descobri o meme por causa de Bretas, que o postou. Falei ligeiramente do meme num artigo que escrevi ontem sobre Bretas, que me processa. Mas não me detive, e ficou claro em horas para mim que era necessário, pelo caráter simbólico da ação de Bretas ao postá-lo.



Era certo o uso da foto de Dilma numa acusação contra Mercadante? Para o MBL, esse tipo de cuidado não faz nenhuma diferença. Mas e para Bretas? Pelo visto, também não.







Bretas diz, ao transmitir a peça do MBL, que checou a veracidade da denúncia. Onde? Como o primeiro link no Google é o da Veja, é presumível que tenha sido lá que ele checou. Antes de prosseguir, é importante dizer que o meme se prestava não apenas a difamar Dilma, mas a convocar para mais uma manifestação pelo impeachment.



Bretas, com sua autoridade de diretor da Globo, chancelou a denúncia do MBL. Uma acusação deste grupo contra Dilma tem valor escasso. Mas quando ela recebe o aval de um jornalista como Bretas o valor aumenta consideravelmente, sobretudo se ele diz que checou o caso.



O que um jornalista deveria fazer diante dos fatos novos depois de publicar uma denúncia de tal magnitude? Registrar os fatos novos e se desculpar diante dos leitores e diante também de quem foi atingido.



Bretas simplesmente silenciou.



E assim ficou registrado, para a posteridade, um caso-estudo sobre a incessante máquina de difamação de Dilma na internet.



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