Grupos de extrema-direita ameaçam Campanha da Fraternidade da CNBB e prometem uma ´´guerra santa para extirpar o mal``

Portal Plantão Brasil
16/2/2021 17:04

Grupos de extrema-direita ameaçam Campanha da Fraternidade da CNBB e prometem uma ´´guerra santa para extirpar o mal``

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2447 visitas - Fonte: Folha de São Paulo

Nesta quarta-feira (17) será lançada a Campanha da Fraternidade Ecumênica (CFE) de 2021. A campanha visa a denunciar as violências contra pessoas, povos e a Criação, especialmente aquelas cometidas em nome de Jesus; encorajar a restauração da dignidade das pessoas para a superação de conflitos e para alcançar a reconciliação social; animar o engajamento em ações concretas de amor à pessoa próxima; promover a conversão para a cultura do amor em lugar da cultura do ódio; e fortalecer e celebrar a convivência ecumênica e inter-religiosa.







Concebida em um contexto social e político de profunda polarização, a campanha encoraja pessoas cristãs e de boa vontade a reconhecerem no diálogo um dos caminhos para a superação da cultura do ódio.



A Campanha foi organizada pelo Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic), formado por seis igrejas: Igreja Católica Apostólica Romana, representada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB), Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), Presbiteriana Unida do Brasil (IPU), Sirian Ortodoxa de Antioquia (Isoa), Aliança de Batistas do Brasil (ABB), além de vários grupos estaduais e organismos ecumênicos.



Participam desta iniciativa, também, a Igreja Betesda e o Centro Ecumênico de Serviço à Evangelização e Educação Popular (Ceseep).







Há uma semana, contudo, a Campanha da Fraternidade Ecumênica tem sido atacada nas redes sociais por grupos de extrema direita autodenominados católicos. As organizações que atacam veementemente a campanha criticam o fato de ela levantar questões como feminicídio, racismo, LGBTQIA+fobia e assassinato de pessoas defensoras de direitos humanos, o direito dos povos indígenas celebrarem seus sagrados e a perseguição aos terreiros.



Os porta-vozes destas organizações afirmam que estão em “guerra santa” e incitam as pessoas que assistem aos seus vídeos em canais de YouTube a “extirpar o mal”.



Chama a atenção que a materialização do mal são os outros; as mulheres, as pessoas negras, os judeus, os homossexuais e os indígenas. Defendem uma Igreja Católica Tridentina fundamentada no patriarcado, no antissemitismo e na contrarreforma do século 16. Para eles, só há uma única Igreja verdadeira com o direito de controlar as mentes e os corpos das pessoas.







O que há em comum entre os movimentos extremistas ditos católicos é o “combate às influências modernistas” na Igreja.



Para isso, dizem eles, há que se eliminar o mal. Tais organizações realizam uma transposição do manual inquisitório “Martelo das Feiticeiras” para o século 21. As fogueiras atuais podem não estar no centro da praça ou em frente às igrejas, mas nas redes sociais, em que homens —brancos— vociferam suas condenações ao inferno de todas as pessoas que julgam estar em pecado.



No entanto, mais do que olhar para a extravagância de tais movimentos, existe uma relação entre intolerância religiosa e desigualdade. No ano de 2020, o Fórum Ecumênico Sur realizou a pesquisa "Fundamentalismos, crise das democracias e ameaça aos Direitos Humanos na América do Sul".







Coordenada pela professora Magali Cunha, a investigação mapeou as principais pautas de movimentos extremistas religiosos de matriz cristã no Peru, Colômbia, Brasil e Argentina.



Há um padrão de ação sistemático, resultado de uma estratégia que ameaça as democracias dos países sul-americanos. Esse padrão de ação impacta diretamente a atuação dos defensores dos direitos e reduz o ambiente ou o espaço propício para a sociedade civil na região.



É importante prestar atenção nestes movimentos. A ministra Damares Alves, por exemplo, lançou a Portaria 457/2021, que estabelece a revisão do Programa Nacional de Direitos Humanos. A revisão será realizada por um grupo de trabalho ministerial formado por 14 pessoas. A portaria não prevê a participação da sociedade civil neste grupo de trabalho.



Rumaremos para uma teocracia cristã em pleno século 21?



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