19/9/2025 14:14

Padilha ignora restrições mesquinhas de Trump e reforça foco na ONU

488 visitas - Fonte: Plantão Brasil

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, recebeu visto para entrar nos Estados Unidos, mas sua circulação em Nova York será rigidamente controlada pelo governo de Donald Trump. As autoridades determinaram que ele só poderá transitar em um raio de até cinco quarteirões do hotel onde ficará hospedado, além dos trajetos previamente autorizados para a sede da ONU e para as representações oficiais do Brasil.

Com isso, Padilha terá liberdade apenas para participar da Assembleia Geral da ONU, onde o presidente Lula (PT) fará o discurso de abertura, e de compromissos ligados à Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). O tratamento imposto ao ministro brasileiro é ainda mais restritivo do que o aplicado a diplomatas de países como Cuba, Síria e Rússia, que podem circular em um raio de até 40 quilômetros em Manhattan. O próprio Departamento de Estado dos EUA admitiu que tais restrições são “incomuns”.

A lista de países submetidos a medidas semelhantes inclui regimes isolados como Eritreia, Venezuela, Coreia do Norte e Irã. Colocar o Brasil nessa mesma condição, justamente em um momento em que o país retoma protagonismo internacional com Lula, é visto como um gesto hostil e politicamente motivado.

Padilha foi o último da comitiva brasileira a obter visto. No mês passado, Washington havia cancelado os vistos da esposa e da filha do ministro, repetindo uma prática já usada contra médicos cubanos que participaram do programa Mais Médicos. A Casa Branca alegou “exploração de mão de obra análoga à escravidão” — narrativa distorcida para atacar uma política social que levou atendimento de saúde a milhões de brasileiros.

Com o visto vencido desde 2024, o ministro só fez o novo pedido em agosto. Questionado sobre o atraso, reagiu com ironia: “Esse negócio do visto é igual àquela música, ‘tô nem aí’. Vocês estão mais preocupados com o visto do que eu. Eu não tô nem aí. Só fica preocupado com o visto quem quer ir para os Estados Unidos, e eu não quero ir”.

Padilha ainda alfinetou o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), apontando que “só se preocupa com visto quem quer sair do Brasil para fazer lobby de traição da pátria”. A ofensiva de Trump contra o ministro também é interpretada como retaliação à condenação de Jair Bolsonaro (PL) pelo Supremo Tribunal Federal. O republicano chegou a condicionar uma negociação comercial com o Brasil — para derrubar sobretaxas de 50% contra nossos produtos — ao arquivamento do processo do golpista.

Com informações do DCM

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