364 visitas - Fonte: PlamtãoBrasil
Em um movimento que resgata suas origens na luta sindical, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que o Brasil está pronto para virar a página de um dos símbolos da exaustão no trabalho: a escala 6x1. Durante coletiva no Planalto, Lula afirmou que não existe "um único argumento" contra o fim desse modelo e que a economia nacional tem condições de absorver a mudança, citando os ganhos de produtividade da indústria com o avanço tecnológico. No entanto, em uma estratégia política calculada, o presidente condicionou o envio de um projeto de lei ao Congresso a uma mobilização direta da base. "Eu preciso ser provocado", disse, cobrando que dirigentes sindicais apresentem uma proposta formal via "Conselhão" ou pelas portas das fábricas.
A batalha no Legislativo, porém, será dura. Enquanto pesquisas de opinião indicam que 71% da população apoia o fim da escala 6x1, o sentimento no Congresso é inverso. Um levantamento com parlamentares mostrou que 70% deles são contrários à medida, com a rejeição chegando a 92% na oposição e a 55% até na base governista. Apesar do cenário desfavorável, a pauta ganhou fôlego com a aprovação, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, da PEC 148/2015, do senador Paulo Paim (PT-RS). O texto mais avançado propõe uma redução gradual da jornada: de 44 para 40 horas semanais no primeiro ano e, depois, menos uma hora por ano até estabilizar em 36 horas, garantindo dois dias de descanso remunerado.
Os milhões de trabalhadores na linha de frente desta batalha têm rosto e cor. Estima-se que mais de 33 milhões de brasileiros com carteira assinada trabalhem em jornadas acima de 40 horas semanais, perfil onde se concentra a escala 6x1. Eles são majoritariamente negros, recebem até 1,5 salário mínimo e estão nos setores de comércio, construção civil, indústria e serviços, como hotelaria e alimentação. Acabar com a jornada de seis dias consecutivos representa, para essa parcela da população, a promessa concreta de "vida além do trabalho" – tempo para descanso, família e estudo, como destacou o próprio Lula.
Mais do que uma reforma trabalhista, a extinção da escala 6x1 foi elevada pelo PT a uma das bandeiras centrais da campanha pela reeleição de Lula em 2026. A proposta se conecta com o discenso de valorização do trabalho e justiça social, contrastando com o projeto político da oposição. Ao entregar a iniciativa final aos sindicatos, Lula não apenas mobiliza sua base histórica, mas também constrói uma narrativa poderosa: a de que os direitos avançam quando os trabalhadores se organizam e ocupam o centro do debate político.
Com informações da Folha de São Paulo
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