1221 visitas - Fonte: Tijolaço
A divertida ironia do Professor Hariovaldo de Almeida Prado, caricatura genial do anticomunismo doentio e reacionário, trouxe a reprodução imperdível desta separata da Seleções do Reader’s Digest, a qual se reproduz acima.
Para quem é novo – ou, na minha atual conjuntura, “menos velho” – esclareço: a Seleções era uma espécie de revista Veja sem pudor de se assumir norteamericana de corpo, não apenas de alma. Como a Veja, era lida por homens medíocres que se consideravam ilustrados e por senhoras que se imaginavam modernas. Igualmente repousavam, velhas e disponíveis, nos revisteiros de consultórios médicos e dentários ou outras salas de espera, porque as tautologias e mediocridades são duráveis…
É curiosa a leitura: parece os comentários idiotas de Facebook metidos numa capsula do tempo e transformados naqueles velhos textos.
Inacreditável que isso possa ter sido real, não é?
Mas foi, e todos sabemos o que nos legou.
Aí está uma rua cheia, uma multidão e uma…minoria.
Porque tão minoria era que jamais ganhara uma eleição: a vez que chegou mais perto disso foi na “carona” de Jânio Quadros, com seu discurso anticorrupção, que não era bem um cordeirinho manso do rebanho udenista.
Hoje não há o golpismo latente dos quartéis, como então?
Ainda bem, mas no Legislativo e no Judiciário não se tem tanta veneração pelo voto popular, não é?
Os tempos eram outros, havia a Igreja Católica fundamentalista, com suas missas ainda em latim?
E não há, hoje, algumas evangélicas que se equiparam em obscurantismo?
Ah, mas não havia a pluralidade da comunicação que temos hoje.
Será? A televisão começava sua revolução, numa escala comparável à da internet hoje e na imprensa escrita ainda havia o contraponto da popularíssima Ultima Hora e de outros veículos.
Hoje, há um total monolitismo da mídia, impressa e eletrônica.
Tente, agora, imaginar a rua cheia assim numa manifestação pró-golpe…
Será que ainda é atual a frase que ali dizia que “imensamente rico em recursos ainda inaproveitados, O Brasil era a chave para todo o continente”?
Venezuela, Argentina, o resto – Equador, Bolívia, Uruguai, pequeninos – vem de cambulhada…
Por isso, é bom olhar de novo estas cenas do passado.
Para que a gente se lembre que a história não começa agora, nem conosco..
Os que acham que “descobriram” a liberdade, que as aventuras são impunes e que a rua é sempre progressista, a cena talvez ensine algo.
À minha geração ensinou, mas de uma forma tão cruel que jamais quero que ensine nem para o mais feroz black bloc.
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