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Presidente Dilma Rousseff durante encontro com a Xeica Moza bint Nasser - Roberto Stuckert Filho / PR
RIO — A presidente Dilma Rousseff disse nesta quarta-feira que já conhecia o teor da carta de demissão da petista Marta Suplicy do Ministério da Cultura. Dilma afirmou que a demissão já tinha sido acertada ''tem mais de um mês'', antes da viagem da presidente para a reunião do G20, na Austrália. Sobre o tom de Marta em relação à polÃtica econômica brasileira na carta de demissão, a presidente respondeu que as pessoas ''têm direito de dar opinião''.
— Meu querido, esta é uma opinião dela. Eu acho que as pessoas têm direito de dar opinião. Eu não acho nem A, nem B. Estou constatando o que aconteceu — afirmou Dilma em entrevista durante visita a Doha, onde se reuniu com o emir do Qatar, Xeque Tamim Bin Hamad Al Thani, com quem conversou, entre outros temas, sobre os conflitos entre israelenses e palestinos; e com a Xeica Mozah Bint Nasser, com quem a presidente tratou de polÃticas de Educação e Cultura.
Perguntada se teria sabido da carta ao chegar ao Qatar, a presidente disse que soubera antes:
— Não, querido. Nós acertamos isso antes. Eu estive com ela (Marta) antes. E ela entregou a carta. Eu conversei com a ministra, e nós acertamos a saÃda da ministra. Ela falou para mim, tem mais de um mês que isso está acertado. E ela entregou a carta naquele espÃrito que todos os ministros que vão sair entregarão uma carta para mim. Ou os que não vão sair também. Ela não fez nada de errado nesse aspecto.
Dilma negou que tenha ficado surpreendida com o episódio ou que ele a tenha incomodado. Em outro momento da entrevista, disse que Marta havia lhe dito quando entregaria a carta, e que seria ''uma injustiça com a ministra'' dizer que ela esperou a viagem para devolver o cargo, pois isso não é verdade.
— Ela me disse (o teor) antes de eu viajar. Eu estou dizendo que logo depois que eu fui reeleita a ministra falou comigo que sairia. A ministra não fez nada de diferente. Ela não teve nenhuma atitude incorreta, ela me disse que sairia, eu aceitei que ela saÃsse. E aà nós acertamos que ela ia me enviar uma carta. A estrutura de praxe— afirmou a presidente.
Durante a entrevista, a presidente não quis comentar sobre a reforma ministerial, ao ser perguntada qual seria a primeira parte das mudanças:
— Eu não vou dizer qual vai ser a primeira parte, porque o dia que eu começar vai ser o dia que eu divulgarei — respondeu, demonstrando impaciência com o assunto e acrescentando: — Não, não, vocês desculpem, gente. Eu não estou aqui hoje… eu não vou falar isso… o dia que eu for fazer uma entrevista sobre a minha reforma ministerial, eu farei uma entrevista sobre reforma ministerial.
Dilma também negou que o ex-presidente Lula teria influência sobre a reforma que ela pretende fazer no Ministério, ou que haveria um prazo para os ministros entregarem os cargos.
— Meu querido, me desculpa, mas não tem cabimento isso— disse sobre uma eventual participação de Lula nas mudanças no governo — Não estabeleci nenhum prazo, eu não vou fazer a reforma imediatamente. Vou fazê-la por partes. A ministra Marta tratou comigo logo após o final da eleição— completou.
Ao ser perguntada sobre rumores no Palácio do Planalto de que haveria prazo para entrega de cargos até a próxima terça-feira, Dilma demonstrou novamente irritação:
— Eu não dei prazo nenhum até a terça, e o Palácio, companheiro, não fala. Até onde eu sei, o Palácio é integrado por paredes mudas. Só fala sobre reforma ministerial esta modesta que vos fala aqui. Não tem reforma ministerial terça-feira. Terça-feira é quando eu voltar? Nem pensar.
As investigações sobre o esquema de corrupção na Petrobras também surgiram na entrevista. Dilma afirmou não estar preocupada com a investigação iniciada por autoridades americanas, segundo divulgado pelo ''Financial Times''. Ela disse ainda que é preciso que se apure se houve participação de americanos no esquema na estatal brasileira.
— Isso (investigação por autoridades americanas) faz parte das regras do jogo. Empresas cotadas na Bolsa de Nova York têm de prestar contas (...) segundo as regras da Bolsa de Nova York, que também não são muito diferentes das brasileiras, não. Além disso, os Estados Unidos têm de investigar se tem cidadãos americanos envolvidos em alguma irregularidade. Eu acho que, pelo contrário, isso mostra que o mundo está evoluindo no que se refere a isso— argumentou.
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