1378 visitas - Fonte: Conversa Afiada
Interessante como se (mal)trata da vida humana na mídia.
A notícia, hoje, de que a expectativa de vida do brasileiro ao nascer chegou quase 75 anos ( 74 anos e 11 meses), quatro anos e meio a mais do que há 12 anos, quando era de 70 anos e seis meses.
E que a mortalidade infantil caiu à metade, em 14 anos.
É claro que vida não há um que ache que dure muito e vida de criança não há a que não seja sagrada.
O que levou a esta diminuição, isso não é objeto de discussão nos jornais?
Não se foram ouvir dirigentes da área de saúde, estudiosos de medicina, especialistas em pediatria e neonatalogia?
Será que temos menos crianças mortas e gente vivendo mais apenas por causa dos novos e sofisticados aparelhos de exames de imagem ou porque há mais vacina, mais comida, mais assistência médica aos mais pobres? E quem é que – e com décadas de sucesso – senão o setor público?
Não, apenas a Folha, num caprichado infográfico, informa que cidadãos aproximadamente como eu (o exemplo é com 57 anos de idade e 37 de contribuição) passarão, se ganham R$ 1 mil, a se aposentar com sete reais a menos (R$ 802, contra R$ 809).
Certo que o dinheiro é pouco e quem trabalhou não merece perder nem sete nem um realzinho que seja, embora a turma do superávit primário seja louca de ódio pela Previdência.
Mas com todo o respeito aos aposentados que precisam continuar a trabalhar, como eu terei, é triste que o aumento da expectativa de vida seja recebido quase com um lamento.
Que droga, não é?
Ainda cedo, antes desta notícia sair, tinha lido o desabafo, sempre sabio, de Nílson Lage sobre a pobreza de nossa mídia:
“A sociedade em si confina-se às páginas de economia, onde a descrevem pela ótica dos bancos, em PIB e dividendos. Resta, nas novelas, seriados e no grosso das notícias, a solidão do eu-consumidor e suas angústias”.
Pois é, a vida deve ser de fato isso que sai nos jornais.
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