GOLPE MILITAR É DESEJO DE CIVIS E DO CLAMOR AO AUTORITARISMO

Portal Plantão Brasil
31/3/2015 12:22

GOLPE MILITAR É DESEJO DE CIVIS E DO CLAMOR AO AUTORITARISMO

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116 visitas - Fonte: Tijolaço

Se existe uma instituição brasileira que, em meio ao quadro de confusão política e atropelos instituicionais – não se pode chamar de “normais” os comportamentos do Legislativo e do Judiciário, pois não? – são as Forças Armadas. Não sei – e pouca gente sabe – se há algo diferente da serenidade visível se passando dentro de seus escalões inferiores, mas, do ponto de vista de seus comandos, só o que se pode ver é prudência e respeito aos ditames constitucionais.



E não se diga que os militares estejam sendo premiados, pois não estão, senão pelo fato de, finalmente, terem um plano estratégico de desenvolvimento militar, ainda que executado de maneira lenta e dificultosa. E certos desvios, extremamente equivocados, de usar as Forças Armadas em assuntos de segurança pública – salvo em mega-eventos, onde se justifica – como a presença em favelas, que mete a tropa em situações contaminantes e em nada contribui para seu adestramento militar estrito.



O risco de golpe, no Brasil atende -mais do que em 1964 – ao desejo de uma elite que não vence eleições e ao vício primarizante que os formadores de opinião – a mídia à frente – de que as coisas possam ser resolvida à base do “prendo e arrebento”.



A construção de um país democrático passa pela construção de um pensamento social democrático e legalista.



Os militares brasileiros, escaldados pela experiência, parecem não estar mais dispostos a “amarrarem a vaca” para que outros mamem em suas tetas.



Sobre o assunto, reproduzo o post do professor Fernando Nogueira da Costa em seu blog , construído sobre as conclusões de uma pesquisa publicada pelo Valor sobre a variação do apoio à ideia de um golpe militar e sua relação com a popularidade presidencial. Fui buscar os gráficos originais, para que se veja como este é um problema permanente e crônico, de uma sociedade que vive impregnada do autoritarismo como forma de solução de problemas.



51 Anos de Uma Má Ideia: Golpe Militar



Fernando Nogueira da Costa







Não é só a corrupção que envergonha os brasileiros, pior é 47,6% deles acharem que essa corrupção justifica um novo golpe! Novamente, 51 anos após o golpe militar que condenou o País a mais de 20 anos de atraso na cidadania — conquista de direitos e cumprimento de deveres –, reune-se a má fé com a ignorância para criar um “caldo-de-cultura” para as “vivandeiras dos quarteis”.



golpinterA expressão “vivandeira”, segundo Elio Gaspari, veio do marechal Humberto Castello Branco, no alvorecer da anarquia militar que baixou sobre o Brasil a treva de duas décadas de ditadura. Referindo-se aos políticos civis que iam aos quartéis para buscar conchavos com a oficialidade, ele disse:



“Eu os identifico a todos. São muitos deles os mesmos que, desde 1930, como vivandeiras alvoroçadas, vêm aos bivaques bolir com os granadeiros e provocar extravagâncias ao Poder Militar”.



Os golpistas juntam, ao mesmo tempo, a ignorância da experiência histórica e a má-fé representada pela vaga lembrança pessoal tipo “eu era feliz e não sabia”. Foi um período em que pessoas de baixa qualificação ascenderam socialmente. Houve desde altas patentes seduzidas por postos bem remunerados de CEO e em CA de empresas privadas — fachadas oportunistas para bom relacionamento com o governo militar — até baixas patentes que tiveram mobilidade social baseada no aparelho repressor, inclusive em assassinatos e torturas.



A instituição nacional das Forças Armadas foi sendo contaminada pela quebra de hierarquia militar, devido à essa mobilidade social que corrompia seus quadros. A promiscuidade do relacionamento entre setor privado-setor público acaba sempre em corruptores levando vantagens dos corruptos. E em ditadura não há liberdade para investigar e denunciar…



Vigorou durante duas décadas de ditadura muita mediocridade, p.ex., bons professores eram aposentados enquanto os medíocres estavam garantidos. Os submissos e parasitas não se queixavam da repressão, mas os rebeldes e criativos se amargavam pela perda da liberdade de expressão durante 21 anos.



Hoje, os golpistas perderam a vergonha de sair-do-armário em que se meteram por meio século! Estamos observando a falta de pudor em falar asneiras daqueles sujeitos que “sentavam no fundo-da-sala-de-aula”, quando iam à aula…



César Felício (Valor, 26/03/15) informa que o apoio a um golpe militar em um quadro de corrupc?a?o generalizada e? substancialmente maior no Brasil do que em outros pai?ses das tre?s Ame?ricas, segundo dados de uma pesquisa comparada desenvolvida em 23 pai?ses pelo “Baro?metro das Ame?ricas“, um levantamento organizado pelo projeto de opinia?o pu?blica latino-americana (Lapop, em ingle?s). As entrevistas foram realizadas no ini?cio de 2014, antes portanto do processo eleitoral no Brasil, da Operac?a?o Lava-Jato e dos u?ltimos protestos de rua, mas ja? haviam sido realizadas sob o impacto das manifestac?o?es de junho de 2013.



O Lapop e? uma iniciativa da Universidade de Vanderbilt, nos Estados Unidos, e uma ana?lise especi?fica sobre o tema foi divulgada, recentemente, com autoria do pesquisador Guilherme Russo. A pesquisa Baro?metro das Ame?ricas e? financiada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e pela age?ncia de desenvolvimento dos Estados Unidos (Usaid).



Segundo a pesquisa, 47,6% dos entrevistados brasileiros afirmaram ser “justificado um golpe militar diante de muita corrupc?a?o”. E? um i?ndice inferior apenas aos registrados por Paraguai, Nicara?gua, Me?xico, Peru e Guiana. Os menores i?ndices, inferiores a 30% de apoio a? tese, foram registrados na Boli?via, Argentina, Uruguai, Haiti e Chile.



De acordo com o texto do Lapop, o desaprec?o dos entrevistados pela institucionalidade democra?tica mudou de patamar nos u?ltimos anos, tendo crescido abruptamente entre 2012 e 2014. Entre 2008 e 2012, o percentual dos adeptos de uma possi?vel intervenc?a?o militar oscilava entre 36% e 40%.



Na ana?lise do Lapop feita por Russo, e? destacado que a pesquisa desmembrou os apoiadores da intervenc?a?o entre os que defendiam a presidente Dilma Rousseff e os que desaprovavam sua gesta?o, entre marc?o e abril de 2014. Mesmo entre os que consideravam boa a gesta?o de Dilma o i?ndice de apoio a um ato militar era expressivo. Nada menos que 45,6% dos entrevistados que a aprovavam corroboravam a tese. Entre os que a reprovavam, o i?ndice subia para 52,8%.



O estudo frisa que a dispersa?o do apoio por uma intervenc?a?o militar entre os que apoiam e os que reprovam a presidente mostra que na?o ha? uma perspectiva concreta de golpe no pai?s: o que haveria no Brasil e? uma cultura autorita?ria que transcende qualquer corte entre governo e oposic?a?o. “Os nu?meros revelam ampla tolera?ncia por medidas na?o democra?ticas para combater a corrupc?a?o na poli?tica”, conclui o pesquisador.



Dos 23 pai?ses pesquisados, o Brasil e? uma das transic?o?es democra?ticas mais recentes. Desde 1985, ano em que o Brasil fez a sua travessia de um regime militar para um civil, governos de aspecto autorita?rio existiram apenas no Paraguai (ate? 1988); Chile (ate? 1990); Peru (em 1992); Haiti (em 1994) e Honduras (em 2009). Nos demais pai?ses, mesmo em casos de renu?ncia ou destituic?a?o do presidente em exerci?cio, preservou-se a institucionalidade formal.



O pouco apego brasileiro a? formalidade democra?tica ja? havia sido medido por levantamentos comparados anteriores. Na pesquisa da ONG Latinobarometro divulgada ha? quatro anos, por exemplo, a democracia era apontada como a forma preferi?vel de governo por 45% dos entrevistados, enquanto a me?dia latino-americana era de 58%. O levantamento da ocasia?o pesquisou dezoito pai?ses.



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