Bolsonaro se afasta da agenda neoliberal de olho na reeleição

Portal Plantão Brasil
27/8/2020 19:16

Bolsonaro se afasta da agenda neoliberal de olho na reeleição

0 0 0 0

1035 visitas - Fonte: UOL

Economistas liberais afirmam que, ao criticar publicamente a proposta do ministro da Economia, Paulo Guedes, para o programa Renda Brasil, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) deu mais um passo na direção contrária da agenda liberal.



Para os analistas do mercado financeiro, Bolsonaro se mostra mais preocupado com uma possível reeleição e com o aumento do investimento público em obras, o que o aproxima da agenda desenvolvimentista.





Os liberais, capitaneados por Guedes, defendem a redução de gastos públicos e do tamanho do Estado, com um pacote de privatizações. Também afirmam que o crescimento econômico deve ser estimulado por meio do setor privado. Já os desenvolvimentistas defendem que o Estado deve induzir a alta do PIB (Produto Interno Bruto), com investimentos públicos e incentivos fiscais.



"Se julgarmos a postura do Bolsonaro no passado, ele se alinha à ideia de que o crescimento econômico é liderado pelo Estado", disse a economista Zeina Latif, consultora e ex-economista-chefe da XP Investimentos.





Para Solange Srour, economista-chefe da ARX Investimentos, "o presidente emite sinais contraditórios. Em um dia apoia o Guedes, no outro, o desqualifica. Em um dia defende o teto de gastos, no outro, quer gastar. Isso atrapalha o processo de saída da crise".

Auxílio emergencial acelera ruptura



Para Zeina, o impacto da transferência de renda, por meio do auxílio emergencial, acelerou o processo de ruptura de Bolsonaro com a agenda liberal. O auxílio teria deixado claro que o presidente não tem convicção na agenda de reformas fiscais e que as decisões de política econômica serão tomadas mirando as próximas eleições.



"Na campanha, era nítido que Bolsonaro e Guedes tinham divergências. Era um casamento de conveniências. Uma hora a fatura chega", afirmou. "O momento é de iniciar o desmonte das políticas de aumento de gastos iniciadas na pandemia e retomar a agenda de reformas. É a hora de escolhas difíceis".





Para a economista, o investimento público estimulou o crescimento econômico nas décadas de 1960 e 1970, na ditadura militar, mas não é possível repetir essa fórmula agora porque não há espaço fiscal e, segundo ela, essa fórmula já se mostrou ineficiente.



Durante o governo militar, diz, houve crescimento com base no desenvolvimentismo porque o país era pobre e passou a ter alguma infraestrutura.



O país também teve políticas desenvolvimentistas nas gestões do PT, incluindo nos anos em que houve crescimento econômico.



Zeina defende que o primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tinha uma agenda mais parecida com a dos liberais e que só houve mudança na política econômica no segundo mandato, com a chegada de Guido Mantega ao Ministério da Fazenda. A nova política teria sido reforçada no governo Dilma Rousseff.





"Quem realmente repetiu a agenda desenvolvimentista de maneira ampla e profunda foi a Dilma. Aí tivemos um desastre. Tivemos um tímido efeito positivo de curto prazo, mas uma herança terrível, de juros altos e inflação", disse.



Sem Bolsonaro, reformas ficam sem pai

A escolha de Bolsonaro de adiar o envio ao Congresso de reformas e medidas para equilibrar as contas públicas para manter a popularidade pode trazer prejuízos para o país, afirmou Solange Srour. Segundo ela, essa é uma sinalização ruim para o mercado, que pode perder a confiança na capacidade do governo de reduzir o tamanho da dívida pública em relação ao PIB.





"Sem confiança, os juros vão subir. Teremos mais inflação, o dólar ficará mais caro e teremos uma crise sem precedentes, enquanto o mundo começa a se recuperar. O Brasil está em uma encruzilhada. Ou faz reformas para se recuperar ou cai na armadilha de governar com aumento de gastos públicos para preservação de popularidade", disse.



Para Srour, a prorrogação do auxílio emergencial, mesmo em menor valor, pode ser uma sinalização ruim para o mercado. A eventual prorrogação do estado de calamidade, declarou a economista, seria o mesmo que acabar com teto de gastos.



"Abrir uma exceção durante a pandemia é correto, mas quando a situação está mais controlada e o mundo volta a crescer, estender esse prazo significa que não há compromisso fiscal", afirmou.





O sucesso da agenda de reformas, segundo a economista, depende prioritariamente do empenho pessoal de Bolsonaro em defender o pacote de propostas para reequilibrar as finanças públicas.



"Se o presidente não dá o aval e não é o grande defensor, as reformas ficam sem pai. Elas não andam no Congresso e acabam deturpadas. É necessária uma ação forte por parte do Executivo na defesa do que a equipe econômica está propondo", declarou.



APOIE O PLANTÃO BRASIL - Clique aqui!

Se você quer ajudar na luta contra Bolsonaro e a direita fascista, inscreva-se no canal do Plantão Brasil no YouTube.



O Plantão Brasil é um site independente. Se você quer ajudar na luta contra o golpismo e por um Brasil melhor, compartilhe com seus amigos e em grupos de Facebook e WhatsApp. Quanto mais gente tiver acesso às informações, menos poder terá a manipulação da mídia golpista.


Últimas notícias

Notícias do Flamengo Notícias do Corinthians