O delegado da PF Alexandre Saraiva diz que Bolsonaro aparelhou a instituição e entra com representação contra Paulo Maiurino

Portal Plantão Brasil
18/2/2022 15:51

O delegado da PF Alexandre Saraiva diz que Bolsonaro aparelhou a instituição e entra com representação contra Paulo Maiurino

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O delegado da Polícia Federal Alexandre Saraiva ingressou com uma representação contra Paulo Maiurino, diretor-geral da PF, por considerar que ele fez uso político da instituição. Maiurino determinou a divulgação, nesta terça-feira (15), de uma dura nota, com o objetivo de desmentir declarações de Sergio Moro (Podemos).


“A manifestação do diretor-geral da PF foi absolutamente inadequada. Ainda mais sendo Maiurino o gestor máximo de um dos órgãos mais importantes para a segurança e apuração de responsabilidades por crimes eleitorais. Qualquer órgão da persecução penal deve ser e parecer imparcial”, afirma Saraiva.

“Estou há 18 anos na PF e nunca vivenciei momento tão tenebroso para a instituição. Mais de duas dezenas de policiais foram afastados dos seus cargos tão somente por estarem realizando seu trabalho”, acrescenta. Com isso, ele argumenta que Jair Bolsonaro (PL) aparelhou a instituição.

O próprio Saraiva foi demitido do comando da PF no Amazonas, após pedir investigação do ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles.


Moro foi ministro da Justiça de Bolsonaro e deixou o governo em abril de 2020, acusando o presidente de interferir politicamente na PF para blindar aliados. A acusação deu origem a um inquérito que tramita até hoje, sob a relatoria de Alexandre de Moraes, no Supremo Tribunal Federal (STF).

Em entrevista ao programa "Pânico", da Jovem Pan News, na segunda (14), Moro afirmou que "não tem ninguém no Brasil sendo investigado e preso por grande corrupção". "Esse é o resultado de quantos superintendentes eles afastaram e que estavam fazendo o trabalho deles", diz o presidenciável.

No texto, a corporação afirma que seu papel "não é produzir espetáculos. O dever da polícia é conduzir investigações, desconectadas de interesses político-partidários".

"Moro desconhece a Polícia Federal e negou conhecê-la quando teve a chance. Enquanto Ministro da Justiça não participou dos principais debates que envolviam assuntos de interesse da PF e de seus servidores", prossegue a nota.


Fórum: Com a nota sobre Moro, Bolsonaro jogou a Polícia Federal para o centro das eleições? Qual a sua análise?

Alexandre Saraiva: Comentar opiniões de qualquer candidato é um completo absurdo, a crítica é natural e até esperada. Por isso, independentemente de qual candidato tivesse sido objeto da nota, ela seria na essência execrável. E, obviamente, que eu tomaria as mesmas providências fosse o candidato Y ou o candidato X o objeto da nota. A manifestação do diretor-geral da PF foi absolutamente inadequada. Ainda mais sendo Maiurino o gestor máximo de um dos órgãos mais importantes para a segurança e apuração de responsabilidades por crimes eleitorais. Qualquer órgão da persecução penal deve ser e parecer imparcial.

Fórum: A corporação está dividida? Como está o clima na PF?

Saraiva: Vou repetir o que já disse em outras ocasiões: estou há 18 anos na PF e nunca vivenciei momento tão tenebroso para a instituição. Mais de duas dezenas de policiais foram afastados dos seus cargos tão somente por estarem realizando seu trabalho. Quando algum colega é afastado logo perguntam para ele: o que você fez de certo?

Fórum: O que espera com a representação feita à Corregedoria e principalmente ao TSE?
Saraiva: Espero, como cidadão brasileiro, que a lei seja cumprida com rigor, mas também com absoluta imparcialidade.


Fórum: Em sua opinião, Maiurino deveria ser afastado? Acredita que há um aparelhamento da corporação?

Saraiva: Decidir pelo afastamento ou não cabe ao Judiciário ou à Corregedoria-Geral. Existe ainda o Ministério Público Federal, que é o órgão responsável pelo controle externo da atividade policial, que pode pleitear judicialmente tal providência, se assim entender necessário.

Fórum: Qual sua análise sobre o que tem ocorrido desde que Moro denunciou a “interferência política” na PF?

Saraiva: Acho que o atual governo criou um precedente perigoso. Provou que é, sim, possível aparelhar a Polícia Federal, algo que anteriormente era considerado impensável. Agora, a sociedade brasileira tem um problema sério. Uma vez criado o precedente outros governos, em maior ou menor grau, podem se arvorar a tentar fazer o mesmo. Desta forma, é preciso que a Polícia Federal seja amparada por um arcabouço legal (uma lei) que garanta efetivamente a autonomia funcional da instituição. Por exemplo, os superintendentes regionais deveriam ter mandato, para que não ficassem à mercê dos políticos dos estados indo a Brasília pedir a cabeça do superintendente A ou do superintendente B.

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