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O anúncio do governo francês de construir um presídio de segurança máxima em plena floresta amazônica da Guiana Francesa reacendeu a revolta contra o autoritarismo disfarçado de política de segurança. O plano, que prevê o encarceramento de traficantes e presos por radicalismo islâmico oriundos da França continental, evidencia o desprezo de Paris pelas populações de seus territórios ultramarinos.
A nova prisão, com custo estimado de US$ 450 milhões (cerca de R$ 2,5 bilhões), será erguida em Saint-Laurent-du-Maroni, mesmo local onde funcionou uma das mais brutais colônias penais do passado colonial francês. A estrutura terá 60 vagas de segurança máxima — 15 delas reservadas a detentos por radicalismo islâmico — e deve ser inaugurada em 2028. A escolha do local, segundo o ministro da Justiça francês, foi proposital para isolar lideranças do tráfico de suas redes de contato.
A decisão revoltou lideranças políticas e sociais da Guiana Francesa, que denunciaram o projeto como uma repetição das práticas coloniais da metrópole. Jean-Paul Fereira, presidente interino da Coletividade Territorial da Guiana, afirmou que a população foi surpreendida pelo anúncio e criticou a ideia de transformar o território em “depósito de criminosos”. Já o deputado Jean-Victor Castor foi direto: “É um insulto à nossa história e um retrocesso colonial.”
A indignação tem raízes históricas profundas. Saint-Laurent-du-Maroni simboliza décadas de repressão e sofrimento sob domínio francês. Agora, a mesma cidade será novamente usada como instrumento de punição estatal, enquanto o povo local segue enfrentando pobreza, violência e negligência. A criminalidade no território é quase 14 vezes maior que a média francesa, resultado do abandono institucional que Paris se recusa a enfrentar com seriedade.
Enquanto o governo francês ignora as necessidades estruturais da Guiana, opta por transformar o território em vitrine de punição. A população, que exige investimentos em educação, saúde e segurança pública com participação local, vê mais uma vez suas demandas ignoradas em nome de uma agenda imposta de cima para baixo. O presídio, longe de ser solução, representa o prolongamento do colonialismo sob nova roupagem.
Ao tomar decisões unilaterais e violentar a autonomia local, o governo Macron mostra que nunca abandonou a mentalidade imperial. O projeto da prisão é mais que uma medida de segurança — é um símbolo de uma França que insiste em tratar seus territórios ultramarinos como colônias, reforçando desigualdades e humilhações históricas.
Com informações da Fórum
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