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O Sport Club Corinthians Paulista vive um novo e turbulento capítulo em sua trajetória política. O Conselho Deliberativo aprovou nesta segunda-feira (26) o impeachment do presidente Augusto Melo, por 176 votos a favor, 57 contra, dois votos nulos e um em branco. Até a realização da assembleia-geral com os sócios, quem assume interinamente é Osmar Stábile, conselheiro vitalício e figura controversa ligada à extrema-direita e ao bolsonarismo.
Stábile não é novato nos bastidores do clube. Vice de Alberto Dualib no ano do rebaixamento à Série B, tentou por duas vezes disputar a presidência contra Andrés Sanchez e integrou chapas derrotadas com Roque Citadini. Em 2023, chegou à vice-presidência na gestão de Melo, mas a união durou pouco: com os escândalos envolvendo a patrocinadora Vai de Bet e suspeitas de vínculos com o crime organizado, o grupo se fragmentou e o impeachment foi articulado nos bastidores — com Stábile apontado como um dos nomes por trás da manobra.
Fora dos gramados, Osmar Stábile é lembrado por ter financiado um vídeo em homenagem ao golpe militar de 1964, veiculado nas redes sociais da família Bolsonaro. A peça publicitária minimizava crimes da ditadura, como torturas e assassinatos, e exaltava o regime militar como “salvador da pátria”. Em nota pública, ele reafirmou o apoio, alegando ser “patriota” e defensor do que chamou de “contragolpe preventivo”.
O episódio o projetou nacionalmente como mais um entusiasta do revisionismo histórico que tenta reescrever a ditadura como um período positivo da história brasileira. Suas declarações, que ignoram as violações de direitos humanos amplamente documentadas, reforçaram seu alinhamento com a extrema-direita e mancharam ainda mais sua imagem entre torcedores que veem no Corinthians uma instituição historicamente ligada à democracia.
A gestão interina de Stábile começa justamente no momento em que o clube enfrenta sua maior crise recente, marcada por denúncias, divisões internas e suspeitas que envolvem até grupos criminosos. A assembleia-geral que poderá confirmar ou rejeitar o impeachment de Augusto Melo deve ocorrer entre 30 e 60 dias, tempo suficiente para que os sócios decidam se o clube seguirá com uma liderança associada ao autoritarismo.
O fato de o Corinthians, símbolo de resistência durante a Ditadura Militar, estar agora sob o comando de um entusiasta declarado daquele regime levanta um alerta não apenas esportivo, mas político. O clube fundado na periferia operária de São Paulo parece, ao menos temporariamente, ter esquecido suas origens democráticas.
Assista ao vídeo divulgado por Eduardo Bolsonaro:
Num dia como o de hoje o Brasil foi liberto. Obrigado militares de 64! Duvida? Pergunte aos seus pais ou avós que viveram aquela época como foi? pic.twitter.com/eEJVgfEDhz
— Eduardo Bolsonaro???? (@BolsonaroSP) March 31, 2019