Dinheiro público banca cachês milionários de shows religiosos, enquanto hospitais ficam sem verba

Portal Plantão Brasil
27/5/2025 16:31

Dinheiro público banca cachês milionários de shows religiosos, enquanto hospitais ficam sem verba

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Durante a abertura de um show do padre Fábio de Melo, em Carmo do Rio Claro (MG), o prefeito Filipe Carielo (PSD) não deixou dúvidas sobre suas intenções: promover eventos voltados ao público cristão com recursos públicos. O espetáculo custou R$ 280 mil aos cofres da prefeitura — valor equivalente à metade do repasse ao hospital local no mês de março — e expõe um padrão preocupante de uso do dinheiro público para fins religiosos.

Levantamento aponta que ao menos 38 prefeituras em 16 estados investiram R$ 13,8 milhões em eventos cristãos entre junho de 2024 e o último fim de semana. Foram 27 celebrações evangélicas, 13 católicas e uma cristã sem especificação. As contratações, frequentemente feitas sem licitação, têm sido alvo de questionamentos por parte do Ministério Público e dos tribunais de contas, principalmente pela falta de transparência e pelo viés de favorecimento religioso.

O caso do Rio de Janeiro é emblemático. Em 2013, o ex-prefeito de Teresópolis foi multado por destinar R$ 119 mil à Marcha para Jesus. Agora, a mesma marcha recebeu R$ 1,9 milhão da prefeitura carioca. Outros dois eventos — a Expo Cristã e o Cariocão da Igreja Adventista — também foram bancados com verbas da cidade. As denúncias motivaram representação no MPF contra o prefeito Eduardo Paes por possível privilégio a grupos evangélicos.

Em outros estados, como Maranhão e Rio Grande do Norte, o uso de verbas públicas para bancar festas cristãs também gerou reações. Em Zé Doca (MA), o Ministério Público tentou barrar um “carnaval cristão” que custou R$ 600 mil. No interior do Goiás, em Campestre, o apoio chegou a representar 50% da arrecadação anual do IPTU, o que reforça a desproporção dos gastos em relação à realidade local.

Especialistas denunciam o uso político e desigual da religião no espaço público. Para Vinicius do Valle, do Observatório dos Evangélicos, o apoio concentrado em manifestações cristãs escancara o desequilíbrio: religiões de matriz africana são frequentemente reprimidas, enquanto eventos cristãos se expandem sob a justificativa de “cultura”. Já o cientista político Rodrigo Vittorino lembra que patrocinar proselitismo religioso é inaceitável, ainda que mascarado como ação cultural.

A prefeitura de Carmo do Rio Claro defendeu o repasse alegando que o Estado é laico, mas não antirreligioso. No entanto, o avanço do uso de verbas públicas para bancar eventos religiosos específicos levanta dúvidas sobre o respeito à laicidade e à equidade de tratamento entre diferentes expressões de fé no Brasil.

Com informações do DCM

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