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Réu por tentativa de golpe de Estado, o general da reserva Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional de Jair Bolsonaro, protagonizou um momento constrangedor ao depor ao Supremo Tribunal Federal nesta segunda-feira (9). Ao tentar negar participação em atos ilegais, Heleno acabou se atrapalhando e declarou que “não havia oportunidades” para cometer crimes. A declaração, considerada uma espécie de “ato falho”, repercutiu negativamente no meio jurídico e político.
Durante o depoimento, Heleno preferiu responder apenas às perguntas de seu próprio advogado e recusou-se a falar com o ministro Alexandre de Moraes, com o procurador-geral da República Paulo Gonet e com os advogados das demais defesas. A estratégia do silêncio parcial, no entanto, não impediu que suas respostas gerassem ainda mais suspeitas. Questionado sobre a criação de desinformação contra o sistema eleitoral, o general afirmou que “não tinha nem tempo” para isso, evitando responder diretamente se participou da articulação golpista.
O depoimento também expôs novas contradições sobre a tentativa de infiltração de agentes da Abin nas campanhas eleitorais. Em reunião gravada de julho de 2022, Heleno propôs “um esquema” com o então diretor interino da Abin para monitorar os dois lados da disputa eleitoral. No STF, o general tentou justificar a fala como preocupação com a segurança, mas as evidências reunidas pela PGR indicam um uso político e ilegal da estrutura estatal.
A Procuradoria-Geral da República aponta Heleno como articulador estratégico da tentativa de golpe e um dos conselheiros mais próximos de Bolsonaro. Documentos apreendidos pela Polícia Federal reforçam essa suspeita, incluindo minutas golpistas que previam a criação de um “Gabinete Institucional de Gestão de Crise” com Heleno à frente, além de manuscritos que sugerem o uso da Advocacia-Geral da União para proteger aliados de investigações criminais.
A Polícia Federal também aponta o aparelhamento da Abin sob o comando do GSI durante a gestão de Bolsonaro. O órgão teria sido utilizado para espionar opositores, disseminar fake news sobre as eleições e tentar influenciar o resultado das urnas. A estrutura estatal foi colocada a serviço de um projeto autoritário de poder, numa tentativa de ruptura institucional que ameaça a democracia brasileira.
O depoimento de Heleno escancara o papel central que setores das Forças Armadas desempenharam na conspiração golpista bolsonarista. A condução firme do processo pelo ministro Alexandre de Moraes, com apoio do STF, segue essencial para responsabilizar os envolvidos e proteger o Estado Democrático de Direito.
Com informações da Folha de S. Paulo
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