946 visitas - Fonte: Tijolaço
Leio em O Globo que o Governo Alckmin pede “atestado de virgindade” às aprovadas no concurso para agente de organização escolar da Secretaria Estadual de Educação.
“A obrigatoriedade do exame himenal é aplicada às mulheres que se declarem virgem e que não quiserem se submeter a colposcopia e colpocitologia oncótica, exames ginecológicos exigidos em caso de detecção de células anormais no teste de papanicolau ou exame preventivo”.
É obvio que estes exames são importantíssimos para a saúde da mulher mas, além da invasão (literal) de sua intimidade, não se vislumbra aí qualquer proteção ao ser humano.
E se uma mulher estiver em tratamento precoce de um câncer, que não a invalide para o trabalho, deve ser punida por estar se cuidando?
Ou se, na contramão dos tempos modernos, quiser permanecer virgem, terá de atestar medicamente esta condição?
À parte à falta de sensibilidade e o ridículo da situação, soma-se o raciocínio tecnocrático que assumiu o controle das “razões de Estado” no trato de seu pessoal.
O concurso, que oferece salários de pouco mais de um salário-mínimo – R$ 800 – exige, só na área de perícia média, que o candidato apresente, às suas expensas, uma imensidão de exames (veja aqui).
Isso, sim, e não apenas para as mulheres, precisa ser revisto.
Exame admissional deve ocorrer por conta do empregador, porque representa – e isso fica claro, quando se estabelece como condição para a aceitação no emprego – uma proteção para ele.
É claro que esta estupidez do “atestado de virgindade” vai cair, senão pela repercussão negativa, por ordem judicial.
Mas é importante que, do ponto de vista legal, dê-se fim a esta estupidez de alguém ter de provar, às suas próprias custas, que é saudável.
Que o escândalo sirva, não só em São Paulo, para abrir uma discussão sobre isso.
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