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"A jornalista Míriam Leitão decidiu revelar as supostas (aprendi com os jornalistas a usar o termo quando não há provas) torturas que teria sofrido durante o regime militar", assim começava o texto assinado pelo blogueiro Rodrigo Constantino e publicado às 14h52 da tarde dessa quarta-feira, 20, na página mantida pela Veja.com. Em seu post, o "liberal sem medo de polêmica" perguntava se a colunista iria pedir desculpas por ter sido "uma comunista, do PCdoB, entoando hinos marxistas" durante o início da ditadura militar brasileira.
Constantino, que neste mês completou um ano como blogueiro da Veja.com, argumentou que, apesar de lutar contra a ditadura, Míriam "não era uma heroína. Não era uma jovem democrata que defendia a liberdade". O post repercutiu rapidamente, chegando a ter mais 12 comentários na página após pouco mais de uma hora no ar (11 elogiosos à postura do blogueiro). Ao divulgar a análise em seu perfil no Facebook, o economista viu a mensagem ser compartilhada por mais de 100 internautas. O texto, entretanto, também foi alvo de críticas nas redes sociais.
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Além de ser criticado por internautas e colegas da imprensa, o post do economista não pegou bem dentro da Editora Abril. Na manhã desta quinta, 21, quem entrou no blog de Constantino viu que o texto intitulado "Míriam Leitão fala da tortura que sofreu na ditadura e quer pedido de desculpas.Legítimo, mas e o seu pedido de desculpas?" sumiu. O internauta que tentou acessar o link direto recebeu a mensagem de que "a página que você tentou acessar não existe ou foi movida". De fato, o texto foi removido do domínio da Veja.com a pedido de um editor, revelou o próprio autor.
"A pedido do editor da Veja.com, retirei do ar. Ele apresentou seus argumentos, eu concordei em parte, e achei melhor retirar. Poderia causar a impressão em alguns de que eram coisas equivalentes a tortura que ela sofreu e o comunismo que ela pregava, ambos tendo de pedir desculpas. Ainda acho que ela deveria fazer um reconhecimento público de que não lutava por democracia e não era uma heroína, mas faço isso em outra ocasião...", escreveu Constantino em sua página no Facebook. O "liberal sem medo de polêmica" não divulgou, porém, o nome do editor que teria pedido para o post ser excluído.
O texto de Constantino foi publicado pela versão online da Veja horas depois de Míriam relatar, a pedido do jornalista Luiz Cláudio Cunha, como foi o período em que foi presa por ditadores. O ano era 1972. E a então jovem repórter, com 19 anos, foi detida e torturada por militares, mesmo estando grávida. No relato, informações de que sofreu ameaças de abuso sexual e que foi mantida nua, em uma sala escura, com uma jiboia. "Não era possível nem chorar, poderia atrair a cobra. Passei o resto da vida lembrando dessa sala de um quartel do Exército brasileiro".
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