22/1/2015 11:39

EM DECISÃO ESPERADA, COPOM ELEVA TAXA SELIC PARA 12,25% AO ANO

798 visitas - Fonte: Jornal GGN

Em decisão já esperada pelo mercado financeiro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aumentou a taxa básica de juros (Selic) pela terceira reunião consecutiva. Agora, o ajuste foi de 0,5 ponto percentual, de 11,75% para 12,25% ao ano, levando o indicador para o seu maior patamar em três anos e meio – em julho de 2011, o indicador era de 12,50%.



“Avaliando o cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic em 0,50 p.p., para 12,25% a.a., sem viés”, disse o colegiado, em comunicado divulgado após a reunião.



Segundo cálculos da consultoria UpTrend, a decisão leva o Brasil para o segundo lugar do ranking como o melhor pagador de juros reais do mundo (5,41%), ficando acima de países como Venezuela (-27,45%) e a Argentina (-11,97%), porém abaixo do registrado na Rússia (6,36%). O país em termos nominais cai para a quarta colocação, abaixo da Argentina (19,99%), Venezuela (19,27%) e Rússia (17%).



“Acho que o Banco Central quis reforçar a mensagem de que fará o que for necessário para trazer a inflação perto da meta”, disse Maurício Molan, economista-chefe do banco Santander no Brasil, em entrevista ao jornal GGN. “A mensagem tinha sido passada no último Relatório de Inflação, e (o Banco Central) não se mostrou sensível ao risco de a atividade econômica enfraquecer no começo do ano, uma possibilidade que foi levantada por (Joaquim) Levy (ministro da Fazenda) em Davos”.



A partir deste ponto, Molan afirmou que o BC não deu sinal de que haverá redução no ritmo dos ajustes. “Aos olhos de hoje, a tendência é de manter 0,50% na reunião de março. Acreditamos que o BC vai enxergar os dados de atividade econômica ruins, e provavelmente vai reconhecer o impacto também benigno da política fiscal sobre a expectativa de inflação – que deve seguir ancorada em 2016: apesar do noticiário ruim em 2015, (a taxa de inflação) em 2016 deve ficar estável em 5,50%”.



Outro ponto que foi considerado pelo economista foi que, no comunicado anterior, o colegiado disse que a implementação dos ajustes seria feita com “mais parcimônia”, expressão que foi retirada da nota divulgada nesta quarta-feira, o que deixa implícito um novo ajuste dos juros na próxima reunião. “A visão pode mudar ao longo do tempo, na medida em que os dados de atividade se mostrem ruins, mas a sinalização me parece ser essa”, diz o economista, afirmando ainda que o comunicado divulgado foi “mais duro”, principalmente quando se considera que o mercado estava dividido entre os ajustes de 0,25 ponto e de 0,50 ponto.



Segundo Molan, “o comunicado reforça o viés em 0,50 ponto”, o que deve inclusive influenciar as operações no mercado de juros. O que se comentava é que, confirmado o 0,50 ponto e mantendo o passo, somado ao efeito positivo das recentes medidas, o mercado deve incorporar tal probabilidade e puxar as taxas mais curtas, mas as taxas longas devem cair. “No caso do dólar, o real vai reagir positivamente por conta não só da decisão, mas obviamente uma curva de juros mais favorável ao real atrai mais recursos”, ressalta. “É mais uma sinalização de mudança de abordagem econômica: teve um pacote de medidas fiscais, discussão de preços de eletricidade e gasolina, corte de gastos e aperto de política monetária. Tudo isso mostra um governo comprometido com novo modelo de política”.



Para o fim deste ano, o Santander trabalha com um fechamento da taxa Selic em 12,50%, mas a decisão deve levar o mercado a aumentar as apostas para um patamar entre 12,75% e 13%.

Follow @ThiagoResiste

APOIE O PLANTÃO BRASIL - Clique aqui!

Se você quer ajudar na luta contra Bolsonaro e a direita fascista, inscreva-se no canal do Plantão Brasil no YouTube.

O Plantão Brasil é um site independente. Se você quer ajudar na luta contra o golpismo e por um Brasil melhor, compartilhe com seus amigos e em grupos de Facebook e WhatsApp. Quanto mais gente tiver acesso às informações, menos poder terá a manipulação da mídia golpista.