553 visitas - Fonte: O Globo
RIO — Três pessoas ligadas ao reverendo Amilton Gomes de Paula, que teria intermediado a venda de vacinas ao governo federal, disseram ao policial militar Luiz Paulo Dominghetti, o negociador de 400 milhões de doses da AstraZeneca, que o religioso se encontrou com o presidente Jair Bolsonaro em 15 de março. Um auxiliar de Amilton diz ao cabo da PM: “O reverendo nesse momento está com o 01”.
A informação está nas mensagens encontradas no celular de Dominghetti, apreendido pela CPI da Covid, e reveladas nesta terça-feira pelo “Jornal Nacional”, da TV Globo. A troca de mensagens sugere que Amilton era a conexão do grupo representado por Dominghetti e o Palácio do Planalto e que tratou sobre os imunizantes com o chefe do Executivo. Em outra mensagem, Amilton diz a Dominghetti: “Ontem falei com quem manda! Tudo certo! Estão fazendo uma corrida compliance da informação da grande quantidade de vacinas!”.
Questionado pela TV Globo sobre a quem ele se referia ao dizer que conversou com “quem manda”, o reverendo não soube responder:
— Bom, conversei com quem manda... A gente pode ter assim várias ideias de que quem manda, né? — afirmou Amilton, ao “Jornal Nacional”. — Quem manda tem que ver, né? (...) Fico atendendo vocês e, assim, fico sem uma resposta.
Na último dia 7, O GLOBO já havia mostrado que Dominghetti recebera mensagens em que interlocutores garantiam que o reverendo estivera em contato com Bolsonaro e que Amilton falava ao PM sobre ter conversado “com quem manda”.
‘Pulga atrás da orelha’
A troca de mensagens começa em 13 de março, segundo a reportagem da TV Globo. Naquele dia, o PM diz ao representante da Davati Medical Supply no Brasil, Cristiano Alberto Carvalho, que “estão viabilizando uma agenda com presidente”, de “forma extraoficial”. Depois, Cristiano diz: “O reverendo está falando que está marcando um café da manhã com o presidente amanhã, às 10h, 9h, (...) vai ter um café com os líderes religiosos e a gente vai entrar no vácuo, tá? Agora tem que fazê-lo confirmar isso aí para a gente colocar uma pulguinha atrás da orelha do presidente.”
No dia 15 de março, a agenda de Bolsonaro mostra um encontro com líderes religiosos no Palácio do Planalto, das 16h às 18h. Às 17h, Dominghetti pergunta a um auxiliar de Amilton: “Como foi a visita do reverendo ao 01?”. O interlocutor, identificado como Amauri responde: “O reverendo nesse momento está com o 01”. No dia seguinte, o reverendo diz ao PM que esteve “com quem manda”.
Apesar disso, seu nome não consta na lista oficial de participantes do evento. À TV Globo, ontem, Amilton afirma que “não estava na reunião”, mas não explica por que ele e três auxiliares disseram o contrário a Dominghetti. O Palácio do Planalto não respondeu aos questionamentos da reportagem do “Jornal Nacional”.
Previsto para depor à CPI da Covid hoje, Amilton conseguiu adiar a convocação ao apresentar um atestado médico que o impede de depor por 15 dias.
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