Vacina chinesa pode, mas tecnologia chinesa G5 não pode?

Portal Plantão Brasil
20/10/2020 19:15

Vacina chinesa pode, mas tecnologia chinesa G5 não pode?

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1057 visitas - Fonte: O Globo

O Ministério da Saúde anunciou nesta terça-feira um protocolo de intenções para comprar 46 milhões de doses da Coronavac, vacina contra a Covid-19 produzida pelo Instituto Butantan e pelo laboratório chinês Sinovac. Por coincidência, na mesma semana em que uma missão do governo americano tenta seduzir o governo brasileiro a impedir a chinesa Huawei de fornecer equipamentos para a rede 5G no país. E na semana seguinte ao aumento da tarifa de importação do alumínio brasileiro vendido para os EUA, como consequência de uma guerra comercial entre americanos e chineses.







A proposta americana sobre o 5G só deve ter resposta no ano que vem, já avisou o embaixador brasileiro em Washington, Nestor Foster. E as consequências de aceitá-la na prática reforçam a suspeita de que seja apenas demagogia, como mostrou o colunista Pedro Doria. A taxação do alumínio brasileiro e a aceitação da vacina chinesa tornam a oferta mais difícil para o presidente Jair Bolsonaro explicar por que aceitaria a promessa de mais investimentos americanos em troca da exclusão da Huawei.



Nas negociações diplomáticas e comerciais, os especialistas sempre podem apontar sutilezas e explicar em detalhes motivos para não se misturar a tecnologia da vacina com a tecnologia das telecomunicações. Ou a barreira comercial ao alumínio brasileiro com a proposta de maior investimento dos EUA no Brasil. Mas Bolsonaro usa uma retórica que justamente se opõe, muitas vezes com desdém, a sutilezas e especialistas, alegando falar a linguagem do homem comum, incomodado com complexidades que o deixaram alienado do debate político. Para os eleitores que aprovaram o estilo do presidente, e as orientações ideológicas de sua diplomacia, e mesmo para os que não aprovaram, será difícil não surgir a pergunta: se a vacina pode ser chinesa, por que não o equipamento da rede 5G?







Oferta dos EUA para impedir Huawei no 5G do Brasil cheira a demagogia



A sinalização, por parte da diplomacia americana, de que estaria disposta a "investir" no Brasil em troca de o país negar espaço a equipamento da chinesa Huawei em sua rede 5G tem cheiro de demagogia, discurso para emplacar título de jornal e não mais.



Porque esta não é uma operação simples. O governo chinês subsidia diretamente o equipamento Huawei, além de oferecer para as operadoras brasileiras de telecomunicações propostas de financiamento direto. São, afinal, empresas privadas que compram este maquinário para construir no Brasil suas redes. Isto faz para elas a Huawei uma opção muito mais barata.



Não é só. A rede 5G será construída em cima da rede 4G — e boa parte dela é Huawei. Estas antenas e estações não vão virar 5G com extensões de outras marcas. As marcas não fabricam equipamentos de infraestrutura compatíveis entre si. Ou seja: não usar Huawei exigiria trocar também a rede 4G — ou implementar uma 5G do zero, o que aumentaria muitíssimo o preço.







Qual a relação de investimento americano no Brasil com este nível de aumento de custos para empresas privadas em território nacional? Como o governo brasileiro vai legislar para repassá-lo?



Para não citar outro ponto evidente: as eleições presidenciais americanas ocorrerão em duas semanas a contar desta terça-feira. A promessa de investimento é do governo Donald Trump. E não é certo que ele estará na Casa Branca em janeiro próximo.



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